Conta-se
que a melhor forma de travar conhecimento sobre uma cidade é saber como se ama,
como se trabalha e como se morre. A partir desse argumento, o Nóis de Teatro
reúne no espetáculo “Ainda Vivas” três peças que ligam Mulheres, Negrxs e LGBT+
numa sucessão de jogos sobre amor, trabalho e morte. Numa cidade sonâmbula,
pessimista e sem utopia aparente, “Amok”, “Burnout” e “Anamnese” se perguntam
se ainda é possível um projeto político emancipatório para nossas vidas. Ao
fundar um espaço em praça pública, o espetáculo convoca as pessoas para
adentrar no universo de três nós enlaçados de nosso tempo. Nas entre-peças, o
microfone estará aberto para as manifestações do público, poetas e artistas da
cidade: é aqui o palco para a poesia falar. “Ainda vivas” é, antes de tudo, um
espetáculo sobre não morrer.
PEÇA Nº 01: AMOK
As
estratégias de poder seguem disseminadas em nossa subjetividade, em nossa forma
de olhar o futuro, em nossa maneira de amar. Existe algo realmente leve na
Esperança? “Amok” nos lembra do Amor Romântico, da noção de felicidade
encontrada no par, a relação amorosa como um remédio entorpecedor para os
corações. Em Amok, o amor e o romance entre duas pessoas se apresentam como luz
em momentos de noites insones. É o amor e suas facetas que agem como o Sol na
terra dos Homens.
PEÇA Nº 02: BURN OUT
Vivemos
o tempo do ultra desempenho, da ultra performance, da teologia do mérito e da
prosperidade. É necessário uma rapidez fitness para não perder o start de um
resultado. Patrões de si mesmos, indivíduos entregues à sua própria exploração.
Somos homens livres? Acabou toda a escravidão? Para os corpos pretos parece que
o peso que se carrega vem preenchido de uma perversidade singular. Vocês
realmente entendem o que estamos dizendo? O privilégio do erro só poucos
possuem. Ainda estamos vivas?
PEÇA Nº 03: ANAMNESE
É
necessário conhecer “a peste” para poder controlá-la. E o poder segue criando
suas estratégias de controle e dominação, ajustando-se aqui, adaptando-se ali
para, como ratos na madrugada, adentrar à nossa casa para saquear nosso
alimento, nossa potência. Nossa memória está refém dessas transformações:
esquecemos facilmente nossa história em favor de um ideal de progresso.
“Anamnese” nos lembra do corpo-festa, do corpo que desestabiliza a moral
branca-hétero-cis-normativa que se instalou como moradia segura na nossa
sociedade. De Stonewall à Divine, onde houver um ajuntamento periférico, haverá
um grito que reverbera: Ainda vivas!
FICHA TÉCNICA
Direção Geral – Altemar Di
Monteiro
Dramaturgia – Altemar Di Monteiro e Pedro Bomba
Elenco
– Nayana Santos, Doroteia Ferreira, Henrique Gonzaga, Renato Hirco, Amanda
Freire, Ilton Rodrigues e Edna Freire
Percussão
– Bruno Sodré
Contraregragem – Kelly Enne Saldanha
Participação especial – Stéfany Mendes
Assistência de Direção – Henrique
Gonzaga
Preparação Vocal e Canções Originais – Tatá Santana
Coreografias – Gabriel Moraes e Doroteia Ferreira
Figurinista – Ruth Aragão
Costureiras - Antônia Araújo, Ayla Buriti, Francisca Bento e
Quina
Assistente de Figurino - Rochelle Nunes
Colaboração especial Figurino - Dami Cruz e Jô
de Paula
Cenários – Bruno Sodré
Marceneiro - Seu Renato
Pintura Cenários – Ksim
Cenotécnico, Técnico de Som e Luz – Bruno Sodré
Adereços – Altemar Di Monteiro e Nayana Santos
Projeto Gráfico – Altemar Di
Monteiro
Bonequeiros – Cláudio Magalhães e Carlos César
Maquiagem – Edna Freire
Fotografia – Luiz Alves
Produção – Nóis de Teatro
0 comentários:
Postar um comentário