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OUVI DO CRÂNIO DE LUZIA / Por Nívea Sabino

Posted by Nóis de Teatro On 16:39 No comments


 



fosse dócil o fóssil,

mas não

afrontosa,

disse o crânio de Luzia:

comprovada a travessia

é viva a língua

afro-ameríndia

desde

a queima das escrituras

foi deixado

feito rastro

esparramado - estilhaços do tiro

que saiu pela culatra.

[Este mesmo tiro deixou de herança

para toda a preta vizinhança, desde a tenra infância, uma bala

perdida.].

fede a febre de queima da pele

o trajeto da bala

desembestada, deu volta em shangri la e rascunhou no ar para quem ousasse respirar

tome tento

mil cairão ao teu lado,

necropolítica

à sua direita

sinal de fumaça

incensa e acena

de boca em boca foi firmada a moção

que não permite a extinção

do manto tupinambá

foram avistados povos originários

em seu ofício cotidiário

de bater laje

no imaginário popular

pá-pum

tra-lá-lá

deixa girar





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