“Tumultos que mal nasceram da vertigem.
Enxurrada imóvel.
Ecos que caem.
Um tronco recorda-se nos bordos do sol, obstinação inerte mas
ardente.
[...] Uma única paisagem, de onde todo o nome se evaporou”
(Édouard Glissant, “Poética da Relação”, 2011)
.esse tempo-colonial
é o tempo das banalidades. Das raízes apaixonadas por si mesmas.
[no meu spotify toca
Racionais MCs:
“[...] Não joga pérolas aos porcos irmão,
joga lavagem eles prefere assim,
se tem de usar piolhagem!”
a encruza com a rua
é a do saber opaco. Saraus, bailes-de-reggae, rolezinhos, mas também
arquiteturas do corpo-teatro, corpo-biblioteca. É valendo, é de-vera. Os cria
da rua são como pássaros-pardais [inumeráveis]. Não desejam sabotar nada. Eles
são Sabotage. Não há escola, ponta-de-lápis. Há correria. Tinta pele-preta na
carne-viva, grito-calado por metro-quadrado, festa-interminável.
Invenção-inesgotável. Sem tempo para abstração, compreensão, explicações.
Salve, salve as mais
velhas! A Seu Zé Pilintra que “vem na linha das almas e também na
encruzilhada”.
um-salve
.aos que confiam
desconfiando.
Eu gosto é de rir
na/da cara da morte que é o ser-enquanto-ser, suficiente para si. Saúdo a morte
que deságua nas incompreensões, neste abismo não me sinto abandonado. Por isso,
escrevo, apago. Escrevo, apago. Borrar o que foi borrado. A poética da rua é a da
incompreensão, é não sair ileso de um encontro - quaisquer encontros. Como
acontecimento caminhante, os cria copiam, não dormem. Sua energia não tem
limites e seu isolamento é total e absoluto.
Viva as escrituras
que não estão a serviço de qualquer coisa que se apóia no medo, na
condescendência e na esperança. Mas fere a carne-branca do papel e das
telas-luminosas para atazanar o Mundo-Branco, contrariar a todes que se
encontram acomodades nele e fazer desses lugares algo vergonhoso.
dedico a ele. O
sorriso que não cai. Os quadros das memórias que não se evaporam, diz.
Por toda poética da
rua que habita àqueles que sabem voar:
Cícero
pivetada-toda ali na vila das
memórias inventam deus.
.tem.po-ética dos encantes.
indo para escola gazeiam-aula
pulam muros. Das árvores espiam
mundos.
.comem jambo colhido de
galhos-magros
das casa-alheia, dos
alheios-olhares.
.com rapidez-silenciosa escalam
possíveis.
.pulam abismos do próprio corpo.
sem amarras
.arrancam pés do chão y flutuam
aos ventos
[Cícero voou por entre as folhas y
não mais voltou]
2 comentários:
Nuh! Que texto maravilhoso, Rômulo!
é Nóis, irmão.
Sempre bom te encontra nas Encruza, nessas idéias.
Abraços-possíveis
rômulo-silva
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