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SÉRIE DE VÍDEOS “FLÂNEUR”

Posted by Nóis de Teatro On 07:54 2 comments



A pesquisa estética do Nóis de Teatro não para. Nosso atual projeto de investigação está localizado em “A Alma encantadora das Ruas”, de João do Rio, obra fundamental para a reflexão e o entendimento da rua como espaço estético, poético e político, instigador de produções artísticas. As crônicas de A Alma Encantadora das Ruas mostram o significado e a própria essência da rua na modernidade. O homem é sujeito do espaço urbano, sendo ele atravessado, diariamente, pelo caos da cidade. O homem faz a rua e esta faz o indivíduo. Estamos “flanando” com João do Rio, a partir de sua obra, nos fragmentos da nossa cidade, no qual o tipo urbano não é um simples produto de sua variedade, mas a essência que a constitui.

Como fala João do Rio: “Para compreender a psicologia da rua não basta gozar-lhe as delícias como se goza o calor do sol e o lirismo do luar. É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível; é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes - a arte de flanar”.

Através da observação apaixonada dos espaços arquitetônicos, geográficos, culturais e econômicos da cidade, o flâneur é capaz de compreender a singularidade poética inscrita no cotidiano ao tempo que se relaciona de forma crítica, ampliada e implicada com o discurso que parte dessa observação. O flâneur ressurge aqui como esse sujeito entregue a uma observação sensível do espaço que lhe cerca, inquieto com seu olhar crítico, ávido por compreender a imanência poética inscrita nas arquiteturas, topografias e geografias da cidade. “Ver o mundo, estar no mundo e permanecer escondido no mundo, tais são alguns dos menores prazeres destes espíritos independentes, apaixonados, imparciais, que a linguagem dificilmente pode entender” (BAUDELAIRE, 2010, p. 29). O olhar flâneur, nesse desafio de linguagem, é capaz de gerar fissuras nas percepções marcadas por forças capitalísticas, lançando ideias em suspenso, respondidas no instante-já do contato efetivo com dada comunidade.

Atualizando esse personagem – se é que ele um dia esteve localizado num tempo único –, a atitude do flâneur em percorrer os espaços públicos implica um desejo de compreensão das forças do tempo sobre o espaço e do espaço sobre a noção de tempo, relacionando melancolia e progresso num ato constante de implosão crítica. O flâneur é um intranquilo e a flanerie, desse modo, se torna paradoxal.

Este projeto faz parte da pesquisa de mestrado acadêmico do coordenador do grupo, Altemar Di Monteiro, bolsista FUNCAP e mestrando em Artes pelo PPGARTES/UFC com orientação do Prof Dr Hector Briones.

Confira o resultado dessa investigação inicial.












2 comentários:

Gostei muito do texto. ser junto com a rua né?!

* E a mulher também...

Estou gostando também de todo esse processo de gestação criativa que tem sido publicizado por meio desses vídeos-artes. Bom perceber o grupo em movimento, o que também inquieta e vai, como numa música eletrizante, contagiando para que se amplie a massa dos que desejam expressar algo mais pelas ruas, a céu aberto...

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