.

.

About

TEATRO E AS CRIANÇAS DE NOSSA COMUNIDADE – DIÁRIO DE BORDO

Posted by Nóis de Teatro On 22:47 No comments



Por Nayana Santos

Esse mês foi bem produtivo. Os temas que abordamos me mostraram o quanto elas tem a necessidade de falar e de ter alguém que as escutem. Um dos temas que rendeu muita conversa foi a Gravidez na adolescência/Aborto. Assim que falei sobre isso a reação delas foi bem como eu imaginava, de espanto. No inicio elas ficaram um pouco acanhadas e ate entendi essa reação, por saber que talvez elas nunca tivessem conversado isso com alguém e por saber que elas não tiveram orientação sobre esse assunto em casa ou na escola, que seriam os dois locais mais indicados para se tratar disso. Perguntei então o que elas pensavam sobre uma adolescente engravidar, como elas reagiriam se soubessem que uma colega delas com faixa etária parecida anunciasse que esta grávida. Algumas falaram que encarariam de forma normal, mas que sabem que gravidez não é brincadeira e não é tarefa fácil, ter um filho é uma responsabilidade muito grande e que nem todo mundo esta preparado para isso. Perguntei se alguém já conversou com elas sobre esse assunto, Raissa disse que seu pai já conversou com ela e com suas irmãs, falou que embora ela ainda não tenha namorado e que não tenha iniciado uma vida sexual seria importante elas ficar atenta para isso. As outras falaram que nunca ninguém conversou com elas, nem a mãe e nem na escola. Não tiveram nenhuma orientação. A conversa foi tomando rumo ate que chegou em um ponto forte, o aborto. Daí então Natalia, começou a contar a historia de uma conhecida, que tem 15 anos de idade e que descobriu que esta grávida, mas que já decidiu que vai abortar. Falou que a garota tem o apoio da mãe, que justificou o ato falando que a filha é muito jovem, que um filho agora iria atrapalhar seu futuro e com isso se mostra a favor dessa decisão. Todas falaram que são contra o aborto, pois a criança que vai morrer não teve culpa de ser gerada e que por conta de um erro ira perder a chance de ter uma vida. Pedi então que elas juntas fizessem um esquete com esse tema. Começaram mostrando um grupo de amigas, que entediadas aceitaram o convite de um rapaz para ir a uma festa que ele estava promovendo. Foram para casa e pediram permissão a sua mãe, mas ela não deixou. As garotas então disseram que iriam para a casa de uma tia e a mãe permitiu, na saída as garotas foram para a casa da tia  e La chamaram a sua prima que mora la para ir junto para a festa, então todas foram. La passaram a noite e duas delas preferiram ficar la a voltar com as outras. Passarão dias ate que as mães descobriram que as filhas estavam grávidas. Uma delas não tinha condições financeiras para sustentar um bebe, já que moravam na casa mãe e irmãs e só a mãe trabalhava para sustentar tudo. A outra era filha única e tinha condições suficientes de ter o bebe e mante-lo   sem preocupação. Alguns meses depois, onde a criança da prima menos favorecida já havia nascido ela resolveu fazer uma visita para sua prima, para ver como estava o filho da mesma, foi então que a prima revelou que preferiu fazer um aborto a ter o bebe. No fim da historia elas falaram que queriam mostrar que  mesmo sem condições as pessoas não devem matar seus filhos optando por abortos, que apesar de todas as dificuldades as crianças tem o direito de nascer. Os jogos que foram feitos continuaram com a bola, pois percebi que elas têm grande facilidade quando a usamos nos exercícios. Alguns dias comecei a trabalhar a criação de personagens. Pedi que cada um que se sentisse a vontade se levantasse e fosse ao meio se apresentar. Podendo falar nome, idade e o que faz no tempo livre. Tornei essas três perguntas como iniciais e depois de respondê-las que se sentisse a vontade poderia complementar com mais alguma informação que sentisse necessidade. Algumas levantaram e falaram nomes fictícios, idades entre 15 e 19 anos e lugares onde moravam como Paris, Itália e Nova York. Algumas por vergonha preferiram não participar. Logo depois pedi que andassem pelo espaço fazendo com o corpo o que eu pedia. É perceptível com alguns conseguem se sair melhor que os outros, mas é perceptível também como todos se esforçam, cada um no seu tempo, do seu jeito, para fazer o que eu peço. Aos poucos eles tem se mostrado mais interessados, mostrando que gostam de freqüentar as aulas e que por isso convidam outros colegas para participar.  O que ainda lamento é que apesar de ser trabalho constantemente, o bullying é presente na maior parte do tempo, fazendo com que alguns queiram sempre se sobressair aos outros. Já tivemos varias conversas, já pedi, já aconselhei. O bom é ver que algumas já tomaram consciência e aos poucos vejo que elas alertam as outras para que não pratiquem.

0 comentários:

Postar um comentário