Por
Nayana Santos
Esse
mês foi bem produtivo. Os temas que abordamos me mostraram o quanto elas tem a
necessidade de falar e de ter alguém que as escutem. Um dos temas que rendeu
muita conversa foi a Gravidez na adolescência/Aborto. Assim que falei sobre
isso a reação delas foi bem como eu imaginava, de espanto. No inicio elas
ficaram um pouco acanhadas e ate entendi essa reação, por saber que talvez elas
nunca tivessem conversado isso com alguém e por saber que elas não tiveram
orientação sobre esse assunto em casa ou na escola, que seriam os dois locais
mais indicados para se tratar disso. Perguntei então o que elas pensavam sobre
uma adolescente engravidar, como elas reagiriam se soubessem que uma colega
delas com faixa etária parecida anunciasse que esta grávida. Algumas falaram
que encarariam de forma normal, mas que sabem que gravidez não é brincadeira e
não é tarefa fácil, ter um filho é uma responsabilidade muito grande e que nem
todo mundo esta preparado para isso. Perguntei se alguém já conversou com elas
sobre esse assunto, Raissa disse que seu pai já conversou com ela e com suas
irmãs, falou que embora ela ainda não tenha namorado e que não tenha iniciado
uma vida sexual seria importante elas ficar atenta para isso. As outras falaram
que nunca ninguém conversou com elas, nem a mãe e nem na escola. Não tiveram
nenhuma orientação. A conversa foi tomando rumo ate que chegou em um ponto
forte, o aborto. Daí então Natalia, começou a contar a historia de uma
conhecida, que tem 15 anos de idade e que descobriu que esta grávida, mas que
já decidiu que vai abortar. Falou que a garota tem o apoio da mãe, que
justificou o ato falando que a filha é muito jovem, que um filho agora iria
atrapalhar seu futuro e com isso se mostra a favor dessa decisão. Todas falaram
que são contra o aborto, pois a criança que vai morrer não teve culpa de ser
gerada e que por conta de um erro ira perder a chance de ter uma vida. Pedi
então que elas juntas fizessem um esquete com esse tema. Começaram mostrando um
grupo de amigas, que entediadas aceitaram o convite de um rapaz para ir a uma
festa que ele estava promovendo. Foram para casa e pediram permissão a sua mãe,
mas ela não deixou. As garotas então disseram que iriam para a casa de uma tia
e a mãe permitiu, na saída as garotas foram para a casa da tia e La chamaram a sua prima que mora la para ir
junto para a festa, então todas foram. La passaram a noite e duas delas
preferiram ficar la a voltar com as outras. Passarão dias ate que as mães
descobriram que as filhas estavam grávidas. Uma delas não tinha condições
financeiras para sustentar um bebe, já que moravam na casa mãe e irmãs e só a
mãe trabalhava para sustentar tudo. A outra era filha única e tinha condições
suficientes de ter o bebe e mante-lo
sem preocupação. Alguns meses depois, onde a criança da prima menos
favorecida já havia nascido ela resolveu fazer uma visita para sua prima, para
ver como estava o filho da mesma, foi então que a prima revelou que preferiu
fazer um aborto a ter o bebe. No fim da historia elas falaram que queriam
mostrar que mesmo sem condições as
pessoas não devem matar seus filhos optando por abortos, que apesar de todas as
dificuldades as crianças tem o direito de nascer. Os jogos que foram feitos
continuaram com a bola, pois percebi que elas têm grande facilidade quando a
usamos nos exercícios. Alguns dias comecei a trabalhar a criação de
personagens. Pedi que cada um que se sentisse a vontade se levantasse e fosse
ao meio se apresentar. Podendo falar nome, idade e o que faz no tempo livre.
Tornei essas três perguntas como iniciais e depois de respondê-las que se
sentisse a vontade poderia complementar com mais alguma informação que sentisse
necessidade. Algumas levantaram e falaram nomes fictícios, idades entre 15 e 19
anos e lugares onde moravam como Paris, Itália e Nova York. Algumas por
vergonha preferiram não participar. Logo depois pedi que andassem pelo espaço
fazendo com o corpo o que eu pedia. É perceptível com alguns conseguem se sair
melhor que os outros, mas é perceptível também como todos se esforçam, cada um
no seu tempo, do seu jeito, para fazer o que eu peço. Aos poucos eles tem se
mostrado mais interessados, mostrando que gostam de freqüentar as aulas e que
por isso convidam outros colegas para participar. O que ainda lamento é que apesar de ser
trabalho constantemente, o bullying é presente na maior parte do tempo, fazendo
com que alguns queiram sempre se sobressair aos outros. Já tivemos varias
conversas, já pedi, já aconselhei. O bom é ver que algumas já tomaram
consciência e aos poucos vejo que elas alertam as outras para que não
pratiquem.
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