17
e 18 de setembro de 2021
O Seminário Periferias
Insurgentes surgiu em 2017 em parceria com a Escola Porto Iracema das Artes a
partir do desejo do Nóis de encontrar com as múltiplas vozes que compõem as
resistências das periferias de Fortaleza, de ocupar todos os lugares da cidade e
discutir as consonâncias e dissensos que entrelaçam essa malha de vozes, esse
mosaico "sub-urbano". Assumindo seu aspecto bienal, em 2019, o “2º
Seminário Periferias Insurgentes - A gente combinamos de não morrer” teve a
parceria do Centro Cultural Bom Jardim, o que contribuiu para que pudéssemos
fortalecer matrizes conceituais de discussão com uma ampla rede de artistas e
fazedores do Ceará, em especial o movimento de saraus da periferia de Fortaleza
O “3º Seminário Periferias
Insurgentes: Terra-Língua-Cidade-Negrura” amplia as teias de vozes que se
expandem pelo Brasil nesse encontro. Com o apoio da SECULT-CE (Edital de
Fomento / Aldir Blanc) e em parceria com o Centro Cultural Bom Jardim e a
Escola Porto Iracema das Artes, propomos a continuidade do diálogo com artistas
e fazedores da cena cultural cearense, promovendo também o intercâmbio com
artistas-pesquisadores de outros estados brasileiros. A ideia é fortalecer os
espaço de pesquisa sobre a cena cultural das periferias urbanas e sua
indispensável relação com o mundo contemporâneo.
Num tempo de políticas de
morte asseguradas por um estado cada vez mais fascista, o Seminário busca
pensar nas poéticas realizadas nas e com as periferias urbanas, em especial nas
nuances que perpassam as corporeidades racializadas que habitam as cidades. No
intuito da destruição do mundo que nos foi dado a conhecer e da expansão das
possibilidades de criação poética, buscamos pensar sobre o que os e as artistas
convidades tem realizado em suas práticas artísticas e quais são os desafios
que nos cercam no mundo contemporâneo.
NÓIS
DE TEATRO
O Nóis é um grupo de teatro profissional
atuante desde 2002 em Fortaleza - Ce. Nesses 19 anos de pesquisa e produção
continuada, o grupo reside no Grande Bom Jardim, tornando-se uma das
referências nacionais de trabalho artístico desenvolvido em periferia. A sede
do grupo tem sido espaço de circulação e produção de bens culturais, lugar onde
os oito participantes realizam noites culturais e oficinas para a comunidade. A
pesquisa poética do grupo tem como matriz um olhar político sobre a cena
teatral, investigando os espaços públicos como lugares de encenação e
descobertas. As vertentes do teatro performativo e suas interfaces com a
performance do ator/atriz de rua contemporâneo tem sido o mote para a nossa
construção poética, refletida no nosso atual repertório de espetáculos: “Todo
Camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro”, “Despejadas” e "Ainda Vivas -
Três Peças do Nóis de Teatro".
Programação:
17
de setembro, sexta-feira
15h
– Abertura do Seminário
Canal Youtube
Kelly Enne Saldanha (Equipe de Gestão Nóis
de Teatro)
Fabiano Piuba (Secretário de Cultura do
Estado do Ceará)
Levi Mota (Porto Iracema das Artes)
Joaquim Araújo (Centro Cultural Bom
Jardim)
Levi Nunes (Centro Cultural Bom Jardim)
16h
– MESA 1 - ENCRUZAS DA TERRA: Espaços de semeadura
Canal Youtube Nóis de Teatro
Convidades: Juão Nyn (RN) e Benício
Pitaguary (CE)
Mediação: Pedra Silva (CE)
Das encruzas dos corpos e corpas à força
vital que nos chama à retomada da Terra, o que é possível elaborar como
possibilidade de semear um outro mundo? A mesa tem por objetivo pensar nas
práticas artísticas circunscritas na relação com a terra e com as forças
místico-poéticas da vida.
18h
– MESA 2 - ENCRUZAS DA LÍNGUA: Corporeidades do fim do mundo
Canal Youtube Nóis de Teatro
Convidades: Nivea Sabino (MG) e Romária
Holanda (CE)
Mediação: Henrique Gonzaga (CE)
É possível sair dos limites do mundo como
o conhecemos para expandir as compreensões de corpo, raça, gênero e palavra?
Como habitar as periferias do mundo sem nelas tecer algum tipo de fronteira,
limite ou clausura? A mesa busca seguir o rastro poético das possibilidades
criativas inscritas na expansão dos limites da palavra, do território, do corpo
e do gênero.
21h
– Experimento Cênico Online “Despejadas” (Nóis de Teatro)
Canal Youtube Porto Iracema das Artes
Inspiradas
no livro “Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus, as mulheres do Nóis
de Teatro se colocam em discussão na busca dos paralelos possíveis entre as
favelas da autora, no anos 1960, e as de hoje. Em cena, três atrizes lançam as
suas complexidades em jogo, três gritos urgentes conduzem o público por um
caminho de dores e resistência, muitas.
18
de setembro, sábado
16H
- MESA 3 - ENCRUZAS DA RUA: A CIDADE EM DECOMPOSIÇÃO
Canal do Youtube Nóis de Teatro
Convidados: Ferrez (SP) e Talles Azigon
(CE)
Mediação: Rômulo Silva (CE)
A rua nos chama para recompor o mundo.
Nela, ainda existem forças que sabotam a tentativa de controle de todas as
formas de viver. A mesa busca pensar em práticas poéticas e experiências de
cidade que desordenam o plano de morte vigente no mundo como o conhecemos.
19H
- MESA 4 - ENCRUZAS DA NEGRURA: TEMPOS DA DESTRUIÇÃO
Canal do Youtube Nóis de Teatro
Convidadas: Ellen Rio Branco (SP) e
Roberta Kaya (CE)
Mediação: Kelly Enne Saldanha (CE)
Na
negridade existe algo que desorganiza e sabota o plano de ordenamento do mundo.
Como ativar a força política dessa diferença radical? Como desenhar outro corpo
para destruir o mundo que nos foi dado a conhecer? O seminário finaliza com
três mulheres pretas discutindo as possibilidades poéticas de pensar o mundo
outramente.
21h
– EXIBIÇÃO AINDA VIVAS ONLINE + NÓIS DE TEATRO, SARAU DA B1, OKUPAÇÃO, PRETARAU
E BATE PALMAS.
Canal do Youtube CCBJ
Conta-se
que a melhor forma de travar conhecimento sobre uma cidade é saber como se
ama, como se trabalha e como se morre. A partir desse argumento, o Nóis de
Teatro reúne no experimento “Ainda Vivas Online” uma sucessão de jogos sobre
amor, trabalho e morte. Numa cidade sonâmbula, pessimista, online e sem utopia aparente,
perguntamos se ainda é possível um projeto político emancipatório para
nossas vidas. “Ainda Vivas Online” é, antes de tudo, um experimento sobre não
morrer.
CURRICULUM
PARTICIPANTES
ALTEMAR
DI MONTEIRO
Encenador,
dramaturgo, diretor fundador do Nóis de Teatro, doutor em Artes pela EBA/UFMG.
Pesquisa as relações entre corpo e cidade nas tessituras poéticas do Teatro de
Rua Contemporâneo e seus atravessamentos periféricos e raciais.
BENÍCIO
PITAGUARY
Indígena
pitaguary, liderança jovem da aldeia Monguba, terra Indígena Pitaguary, no
Município de Pacatuba no estado do Ceará. Mestrando no Programa de
Desenvolvimento e Meio Ambiente/ UFC, Licenciado em Geografia – UFC, é
comunicador Indígena - Mídia India , Youtuber indígena , Artista Plástico em Grafismos Indígenas,
Terapeuta holístico e massoterapeuta. Articulador no Museu Indígena Pitaguary.
TALLES
AZIGON
Talles
Azigon, Poeta, editor, mediador de leitura , produtor e curador de eventos
literários. Um dos criadores da Editora Substânsia e criador da Livro Livre
Curió Biblioteca Comunitária. Autor de cinco livros de poemas, incluído o
projeto Saral.
JUÃO
NYN
Juão
Nyn é multiartista, atua na performance, no teatro, no cinema e na música.
Potyguar(a), 32 anos, ativista comunicador do movimento Indígena do RN pela
APIRN, integrante do Coletivo Estopô Balaio de Criação, Memória e Narrativa, da
Cia. de Arte Teatro Interrompido e vocalista/compositor da banda Androide Sem
Par.
ELLEN
RIO BRANCO
Ellen
Rio Branco é atriz das Filhas da Dita, que em 2022 completa 15 anos de
existência/residência. Jongueira da Comunidade Jongo dos Guaiánas, arte
educadora, articuladora cultural,
Artista do audiovisual,
co-diretora do documentário “Cê quer mentir pra preta velha?" e
moradora de Cidade Tiradentes Periferia São Paulo.
FERREZ
Ferréz
vem afiado na palavra falar sobre literatura Marginal e seus mais de 20 anos de
carreira como escritor, seus personagens, a relação de sua literatura com o
cotidiano da cidade principalmente a periferia, além de declamar poesias suas,
trechos de contos, e textos, ele traz também a leitura de ''Os ricos também
morrem''' para uma reflexão e bate papo com o público.
HENRIQUE
GONZAGA
Ator,
produtor, professor de teatro, jornalista e pesquisador. Bacharel em Jornalismo
e Licenciado em Teatro, é um dos fundadores do Nóis de Teatro. Participou de
quase todas as montagens do grupo, transitando entre o trabalho de ator e de
assistência de direção. Pesquisa as tessituras poéticas dos corpos dissidentes,
em especial corpos bixas, pretes e favelados.
NIVEA
SABINO
Poeta-slammer,
ativista e educadora social. Autora de Interiorana, Nívea Sabino nasceu em 1980
na cidade de Nova Lima/MG, onde reside. Graduada em Comunicação Social, possui
uma importante trajetória de ativismo poético no que tange o enfrentamento ao racismo,
à lesbofobia, ao sexismo e outras formas de opressão, através da palavra, pelos
saraus de periferias. É uma das articuladoras da RodaBH de Poesia e mulher
pioneira nas competições de Poesia Falada – Slam’s, em Minas Gerais. É membra
fundadora da Academia Nova-limense de Letras. Em 2019 foi co-curadora do
Festival Literário Internacional de Belo Horizonte, com a temática
#NarrativasVivas. Nívea Sabino é jurada do Prêmio Jabuti 2020 na categoria
"Poesia" e assina o Conselho editorial da "Coleção Ouvido
Falante - que registra os sons, a voz, a escritura e a obra de poetas da Poesia
Falada" em parceria com a editora Impressões de Minas. Através do projeto "Interioranas"
apresenta poemas do livro na versão musicada de canto-poemas.
KELLY
ENNE SALDANHA
Atriz
e produtora do Nóis de Teatro. Coordenadora de Formação em Teatro no Centro
Cultural do Bom Jardim e Licencianda em Teatro pelo IFCE, trabalha também
desenvolvendo ações culturais no bairro da Granja Portugal e é colaboradora do
Coletivo Inflamável.
ROBERTA
KAYA
Roberta
Kaya encontra na arte estratégias para driblar estatísticas genocidas.
Estudante de licenciatura em música na Universidade Estadual do Ceará, cantora,
compositora e instrumentista. A artista desenvolve uma pesquisa em produção
musical e música eletrônica com referências da música afro-brasileira e
diásporas cotidianas. O timbre forte da artista é sinônimo de resistência e
ancestralidade, que ao longo de sua trajetória,
cativa
mais maturidade e fluidez sonora que remete às memórias, sensações e ruídos
inerentes a seres-criaturas que respiram fortificadas pela própria história. O
trabalho mais recente da artista é o projeto/ensaio "Negrazúmbida: O que
habita entre o som e a palavra?" arte e latência de corpos que emergem
para superfície.
PEDRA
SILVA
Pedra
Silva é uma travesti em retomada ancestral identitária, macumbeira, artista
multilingue, arte-educadora e pesquisadora das encruzilhadas. Trabalhadora da
corrente espiritual do culto de Omolokô no Abassá de Omolu e Ilê Iansã.
Transita entre as artes corporais e as artes (áudio)visuais. Guia de Travessia
do Percurso Básico de Teatro Negro (PBTN). Graduanda do curso Lic. em Teatro do
Instituto Federal do Ceará e integrante da Coletiva NEGRADA.
ROMARIA
HOLANDA
Romária
Holanda é artista, educadora popular, militante cultural, licenciada em Teatro
pelo Instituto Federal do Ceará - IFCE , atualmente integra a Rede de Arte e
Cultura na Reforma Agrária - Rede PACRA, membra do Núcleo de Estudos
Afro-Brasileiro e Indígenas - NEABI Fortaleza e do Coletivo Terreiro Cultural
de Caetanos de Cima.
RÔMULO
SILVA
É integrante do Laboratório de Estudos da Conflitualidade e Violência (COVIO/UECE), onde coordena a linha de pesquisa "Estudos afro-atlânticos" e também pesquisador-colaborador no Laboratório de Arte Contemporânea (LAC/UFC). Tem interesses nas áreas da Sociologia Imaginativa; Mediação de Leituras; Bibliotecas-Livres e Encontros-saraus, além dos Estudos [Anti]coloniais. Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia (PPGS/UECE).
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