.

.

About

Nóis de Teatro e Pavilhão da Magnólia no Rio de Janeiro - Impressões

Posted by Nóis de Teatro On 07:13 No comments

CONHECENDO O TÁ NA RUA
Relatoria: Kelly Enne Saldanha, Amanda Freire e Henrique Gonzaga (Nóis de Teatro)

Na quinta-feira, dia 24, depois que os dois grupos já se encontravam completos da viagem, fizemos uma reunião pós café para acertar alguns pontos da viagem. Combinamos o horário das refeições e algumas atividades que faríamos como programação cultural. Para iniciar o dia, fomos conhecer o museu de arte moderna do Rio de Janeiro - MAM.
      
MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DE JANEIRO-MAM
Situado na Av. Infante Dom Henrique, 85- Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, no centro do Rio, tem em sua construção, uma representação de um marco da arquitetura, resultado dos traços do arquiteto Affonso Eduardo Reidy e projeto paisagístico de Roberto Burle Marx. Tem exposições temporárias e tivemos ainda a sorte de encontrar o Festival de Performance Arte Brasil, onde pudemos fazer entrevistas com os personagens que participavam desse festival. Como exposição diária, pudemos ver:

      
Terceira metade
 O projeto, com curadoria de Luis Camillo Osório e Marta Mestre, inclui exposições, seminário, mostra de cinema, lançamento de livro e site. Com trajetórias diferentes e utilizando diversos suportes em seus trabalhos, como pintura, instalação e vídeo, os artistas produzirão obras especialmente para esta exposição, articulando suas produções com a arquitetura do museu.
     
Pinturas, de Carlos Zílio
Mostra com 13 obras produzidas em 2009 e 2010. São apresentadas nove pinturas em grande formato, em tinta esmalte, sobre tela, e quatro desenhos, medindo 46 por 61cm cada. Os desenhos e a pintura monumental “as separações do continente”, de 2010, que mede 210cm por 417 cm, foram feitas especialmente pra exposição no Mam. Curadoria de Luis Camilo Osorio.
     
Festival de Performances Arte Brasil.
O encontro de performances de vários lugares diferentes, de todo Brasil. Neste dia encontramos uma programação rica e cheia para o dia inteiro.
      
10h- Aslan Cabral(PE): “o barão nas arvores”
12h- Mauricio Ianês(SP):” glossa”
15h- Marcus Vinicius(ES): “ninguém”
18h- Luana Aguiar(RJ): “Bachus Et Ariane”
18h30-Claudia Paim(RS): “possibilidades”
19h30- Franklin Cassaro(RJ): “Teaser Drum uma batucada portátil no abrigo bioconcreto”.
      
Depois da visita ao MAM, almoçamos, fomos trocar de roupa e fomos visitar a fundição progresso.


Fundição Arte e Progresso – Conhecendo o Teatro Anônimo
A fundição se localiza na rua dos arcos, 24/50- Lapa. Ocorrem muitos eventos, exposições, cursos ligados à arte promovidos nesse espaço, que também possui um teatro com capacidades para 120 pessoas, sendo este ocupado pelo grupo de Teatro Anônimo. Fizemos uma visita não planejada, onde tivemos a oportunidade de conhecer algumas pessoas do grupo e fazer alguns contatos para atividades futuras.


TÁ NA RUA
Na Lapa há vários casarões que foram ocupados por movimentos sócio-culturais e o Tá na Rua faz parte desse movimento. A sede do Tá na Rua fica bem próximo do hostel que estávamos hospedados (Samba Villa). Chegamos cedo, antes mesmo do grupo visitado.

O primeiro contato
Fomos recepcionados per Miguel, um dos integrantes do Tá na Rua. Logo nos mostrou sua sede, o espaço para figurinos e tudo mais. Aguardamos o restante do grupo chegar para começarmos a vivência, só que, sem perceber, a troca já havia começado. Falamos um pouco sobre o projeto que nos levou ao Rio, um pouco da breve historia do Nóis e do Pavilhão da Magnólia. O Tá na Rua é um grupo de décadas que atua na rua de maneira muito forte, principalmente na Lapa. Toda sexta-feira fazem ensaios abertos no Largo da Carioca, bem próximo de sua sede. Alem disso, eles tem um bloco carnavalesco, que brinca o carnaval na lapa, com suas marchinhas e cantigas. Devido a isso, o grupo estava um pouco desarticulado, ainda de ressaca do carnaval. Aos poucos outros integrantes foram chegando, inclusive o DJ do grupo que, aliás, promove as festas na sede nos dias de sexta e sábado. A chegada dele foi primordial para o inicio da brincadeira.
      
A Musicalidade
Em um grupo que acredita que não há um diretor, o que pode ser o fio condutor de todo um processo? O que guia, orienta e conduz? De cara percebemos quão grande é o papel da musica. De inicio, pensávamos que ela era apenas um complemento daquilo que os atores propunham, mais na frente percebemos que assume outro papel.

A musica que o DJ colocou, instigou os grupos visitantes a se vestir com os figurinos do Tá na Rua e assim poder brincar. Aos poucos, e sem perceber, o restante do grupo foi chegando e entrando na brincadeira. Cada musica ia dando uma nova roupagem àquilo que fazíamos. Hora as mulheres tomavam de conta da roda, ora eram os homens. Por vezes, havia uma disputa entre homens e mulheres e outras tantas vezes todos se uniam em uma roda ou um trenzinho. A troca de figurinos era freqüente e algumas situações foram surgindo. Surgiram representações de cultos a santos e orixás, surgiram romances e outras tantas historias que nos faziam integrar ainda mais e viver tudo aquilo ao máximo. Os três grupos se integravam de uma maneira formidável, parecia até que já trabalhavam juntos há muito tempo.

Foi tão intenso e estávamos tão a vontade, que os homens, ao som da música Macho Man tiraram a roupa e, logo em seguida, foi a vez das mulheres que fizeram a mesma coisa ao som do Can Can. Aí pudemos ver como a musica influenciava aquilo que estávamos fazendo. Se a musica era romântica, logo um romance surgia entre os participantes. Se a musica era de terreiro, a roda era logo formada, e se era uma marchinha, o trenzinho aparecia.


Depois da tempestade...
      
Depois de mais de duas horas de danças, brincadeiras, jogos e interações, sentamos um pouco para conversarmos sobre a vivência. Esse tipo de oficina com o Tá na Rua não é novidade para os integrantes dos dois grupos. Algum tempo atrás, o Licko, um dos integrantes do Tá na Rua, fez uma oficina muito parecida como aquela vivida naquele dia, em Fortaleza, onde estavam presentes quatro atores do Nóis e quatro do Pavilhão. Mas para o restante que ainda não teve esse tipo de contato, foi fascinante, pois é diferente de qualquer coisa que fazemos para a rua.

Todos sentados ou deitados no chão discutiram um pouco sobre as impressões e sensações que tiveram. Mas esse momento foi mais para o grupo visitante ouvir, do que para falar. Foi um momento impar, isso foi de consenso geral. Por vezes, o Victor (Pavilhão da Magnólia) se mostrou surpreso da integração que houve entre os três grupos. Foi uma conversa rápida, pois já estávamos muito cansados.

Nesse momento percebemos que muitos que estavam ali assistindo, não eram de nenhum grupo, eram apenas transeuntes que, por curiosidade, entraram e ficaram. Percebemos também que uma das pessoas que estavma brincando com a gente era dinamarquesa e também não fazia parte de grupo algum. O Amir Haddad não participou dessa vivência por motivo de viagem. Ele seria uma figura muito importante para ampliar o conhecimento do Tá na Rua.

Teatro sem arquitetura, dramaturgia sem literatura , ator sem papel?

Toda a oficina que tivemos com o Tá na Rua foi uma amostra daquilo que eles trabalham na rua. Por ser na rua, não ha. estrutura física de um teatro (teatro sem arquitetura), não se utilizam de um texto escrito, é tudo na base da improvisação (dramaturgia sem literatura), e também não há distribuição de personagens para os atores, qualquer um faz qualquer personagem (ator sem papel). É esse o trabalho que eles fazem na rua, não é um processo de criação para algo mais “certinho”, ou melhor, para algo mais cotidiano no nosso meio teatral.

Mas durante nossa avaliação, algumas questões foram levantadas. Será que realmente não existe alguém que dirige tudo aquilo? Será que realmente todos os atores podem fazer qualquer personagem? Será que não há textos previamente ensaiados, ou é tudo mesmo no improviso? Foram levantadas essas questões, não para o Tá na Rua, mais sim entre a gente. Mas a intenção não era desmenti-los e sim entendê-los, já que estávamos ali para isso. Foi de consenso geral, que de forma velada ou mesmo acintosa que o DJ conduzia tudo como ele queria que acontecesse. Ficou claro quando os homens tiraram as roupas e logo depois a musica levava as mulheres para o mesmo caminho. Mas daí vem outra pergunta: as mulheres fizeram o que ele quis ou esse já era o desejo delas e aconteceria de qualquer maneira independente da musica que fosse apresentada? Não temos como saber e na verdade não nos cabe investigar isso. O certo é que realmente não havia a figura vertical de um diretor e sim que todos conduzem e são conduzidos por todos. Sobre assumir qualquer papel, em todo grupo de teatro tem aqueles com maior facilidade de passear pelos personagens e outros que não. Talvez pela grande experiência que eles têm, isso possa dá maior facilidade para os integrantes do grupo. Tudo que discutimos, vem pra entendermos melhor o processo que eles vivem que é diferente do nosso.

E agora? O que podemos tirar de proveito dessa vivência? Fomos só conhecer e pronto, acabou? A experiência que tivemos com o Tá na Rua foi incrível, surpreendente, mas essa não é nossa estética, não é nossa cara, nem nossa identidade. Acreditamos que sim, devemos ter uma dramaturgia, mas não um texto aristotélico com começo, meio e fim, mais um cuidado que a rua pede e merece. Como falar palavrão se podemos encontrar na rua crianças? Alem disso, acreditamos que o que dizemos tem que ter um por quê. Não estamos ali na rua pra encher “lingüiça”. E não é isso que acreditamos que o Tá na Rua faz, mas somos mais críticos e pensamos na rua como algo merecedor de um figurino bem feito e bem acabado, de uma dramaturgia que fale algo que o grupo pense e não que um ou dois pensem e que principalmente nossa presença seja necessária, não apenas para divertir e entreter. O espaço aberto é nossa arquitetura, talvez nisso somos parecidos. Mas o trabalho que eles fazem na rua é característico deles, referente a um local, um grupo de pessoas, uma forma de pensar. E é fantasticamente maravilhoso, quando feito por eles. Como já foi dito, é uma estética do Tá na Rua. Usamos muito tudo isso como processo de montagem, de criação onde o coletivo participa mais fortemente. Essa tem sido a nossa busca: num processo de formação de ator. Mas na rua, pra Nóis, não por enquanto.
      
CONHECENDO O CENTRO DO TEATRO DO OPRIMIDO
Relatoria: Angélica de Freire, Érika Peixoto e Nayana Santos (Nóis de Teatro)
      

Ao chegar no CTO fomos recebigo pelo coringa Alessandro, que logo apresentou o prédio do CTO, mostrando a sala de ensaio e a sala administrativa, além da sala que pertenceu ao Boal antes de sua morte. Depois conversamos um pouco, ele nos questionou sobre as nossas expectativas e o que sabíamos sobre o Teatro do Oprimido. Cada um de nós falou e em seguida ele nos explicou o que é o Teatro do Oprimido e sua origem.


O coringa nos explicou que Boal sempre insistiu que as técnicas que compõem o Método do Teatro do Oprimido não surgiram como invenção individual e sim como conseqüência de descobertas coletivas, a partir de experiências concretas que revelaram necessidades objetivas. Cada uma das técnicas do Teatro do Oprimido representa uma resposta encontrada por Boal e pelos colaboradores e colaboradoras que acumulou ao longo de sua carreira. Depois ele nos explicou que o teatro do oprimido poderia ser representado por uma Árvore, este foi símbolo escolhido pelo próprio Boal para representar seu Método, por estar em constante transformação e ter a capacidade de Multiplicação: “A Árvore do Teatro do Oprimido representa a estrutura pedagógica do Método que tem ramificações coerentes e interdependentes. Cada técnica que integra o Método é fruto de uma descoberta, é uma resposta a uma demanda efetiva da realidade. Suas raízes fortes e saudáveis estão fundadas na Ética e na Solidariedade e se alimentam dos mais variados conhecimentos humanos. Na Árvore do Teatro, a ética e a solidariedade são fundamentos e guias. A multiplicação, a estratégia. E a promoção de ações sociais concretas e continuadas, para a superação de realidades opressivas, a meta. Tudo através da democratização dos meios de produção artística, direito humano fundamental.” O Teatro do Oprimido é principalmente embasado na ética e na solidariedade, e feito com o oprimido para o oprimido. Depois discutimos a origem do termo oprimido e porque o Boal adotou este nome, segundo foi colocado, foi definitiva a influencia que ele sofreu de Paulo Freire.

Depois Alessandro nos explicou a estética do oprimido: “é a seiva que alimenta a Árvore, desde as raízes passando pelo tronco, atravessando galhos e folhas. A Estética do Oprimido tem por fundamento a crença de que somos todos melhores do que supomos ser, e capazes de fazer mais do que aquilo que efetivamente realizamos: todo ser humano é expansivo. Trata-se do fundamento teórico e prático do Método do Teatro do Oprimido: através de meios estéticos – que proporcionam a descoberta das possibilidades produtivas e criativas, e da capacidade de representar a realidade produzindo Palavra, Som e Imagem – promover a sinestesia artística que impulsiona o autoconhecimento, a auto-estima e a autoconfiança; e o diálogo propositivo que estimula a transformação da realidade.” Ele falou ainda de todas as ramificações do Teatro do oprimido: o Teatro Jornal, Teatro Invisível, Teatro Imagem, Teatro-Fórum, Teatro Legislativo e o Arco-Íris do Desejo.

Em seguida realizamos alguns exercícios. Primeiro um aquecimento e depois um exercício de apresentação. Cada um iria ritmar seu nome com a boca e com o corpo, fazendo um movimento e um som ao mesmo tempo. Depois um jogo de memorização e desmecanização, além nos apresentarmos ao outro teríamos que apresentar a pessoa que se apresentou anteriormente. Depois um exercício de desmecanização, onde aprendemos a olhar o outro de outra forma. De olhos fechados segundo orientação do coringa nos somos imas, e segundo seu comando o ima poderia atrais ou repelir e assim no final entre vários comandos ficamos em duplas e vamos sentir a face do rosto do outro com a ponta dos dedos, dessa forma descobrimos uma nova maneira de perceber o outro.

No final debatemos a experiência trocada o que significou aquele momento para cada um de nós. O coringa Alessandro se despediu e o Coringa Geo Britto veio ter uma conversa conosco. Tivemos uma longa conversa com ele sobre política publicas e a nova política de editais, além de uma discussão sobre projetos culturais e parcerias do CTO.

0 comentários:

Postar um comentário