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MUITAS CRIAÇÕES, POUCAS DEFINIÇÕES

Posted by Nóis de Teatro On 13:15 No comments

Por Kelly Enne Saldanha

Desde o começo do projeto, muito foi criado, produzido, pensado, refletido. Muitas experimentações nos rodearam e ainda nos rodeiam. Muito fizemos e agora chegamos em um momento decisivo: temos que definir um caminho.

Começamos experimentando jogos e brincadeiras infantis que tivemos em nossa infância. Brincadeiras como carimba, esconde-esconde, sete pecados, todas relacionadas com nossa infância. Não ficamos apenas relembrando, fomos para a parte pratica mesmo. Brincamos uma tarde inteira e nos divertimos como nunca mais havíamos feito. Enveredamos por esse caminho infantil por uma necessidade do grupo de investigar produções infantis. Já que nosso foco geralmente é teatro de rua, com uma pesquisa muito forte na performance.

Ficamos hora pensando na linha infantil, hora pensando em performance.

E voltando para a performance, tivemos uma atividade dentro da nossa comunidade, depois da missa, utilizando a musica do Rappa, “Hey Joe”. Com balões cheios de água, brincávamos, jogando-as uns nos outros. Em certo momento, a brincadeira esvai-se e passa a ser algo mais serio, tornando-se uma guerra. As armas, que eram brinquedos, transformam-se em armas de verdade e matam.

Alem das atividades, as pesquisas se tornam ainda mais intensas. Umas das linhas pesquisadas foi a literatura de cordel. Alem dos cordéis, dados sobre a violência e sobre o desarmamento são atualizados.

Outra intervenção que fizemos, foi na Feira Livre da Granja Portugal. Cada ator, depois de pensar em algum depoimento sobre a temática da violência, era incumbido de mostrar a alguma pessoa ou grupo de pessoas presentes na feira.  Um ator, usando uma cadeira de rodas, falava sobre um tiro acidental que levou de um amigo, enquanto faziam uma caça de animais. Uma atriz fazia o depoimento de uma garota de programa que havia sido assaltada e por fim, uma ultima atriz estava a procura de uma delegacia pra se entregar por que se sentia culpada pela morte do filho por um traficante. Muito interessante as reflexões que tivemos dessas intervenções. Mesmo durante os acontecimentos, refletimos da dificuldade que a primeira atriz que fazia uma garota de programa tinha em ser ouvida. As pessoas não queriam ser vistas acompanhadas de tal figura da sociedade. Sofreu muito preconceito. Mas os outros tiveram varias reações. Alem das atenções dispensadas, muitos participavam ativamente, dando conselhos, conversando, apoiando, às vezes ate se emocionando.

Voltando para as atividades em nossa sede, dentre tantas experimentações, fizemos trabalhos com imagens, seqüência de cenas etc. Alem de cenas, cada ator fez uma musica, pensando em no tema geral que queremos abordar.

Dentre elas podemos citar a música feita em minha autoria, Kelly Enne Saldanha:

“Ninguém ouve mais
O som do tiro
O som do tambor (bis)
Não fala
Se cala
Não meche
Imóvel
Não joga
Não brinca
Não muda
É o jovem
Ninguém ouve mais
O som do tiro
O som do tambor (bis)
Já fala
Não cala
Se meche
Se move
E joga
E brinca
Já muda
É o jovem ”

Outras atividades em nossa sede nos instigam a criar ainda mais. O uso de espaços e elementos nos dão ainda mais matériais pra usar a criatividade. Muitas matérias pra construir um esquece, uma performance, uma intervenção, mas nada definido ainda. Como fazer um link com tudo isso? Como escolher o caminho a seguir? Infantil ou performance? Performance infantil ou nada disso? Nada e ao mesmo tempo tudo.

Enquanto isso, vamos produzindo...

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