Por Henrique Gonzaga
Durante todas essas semanas pesquisamos, experimentamos e criamos, mas agora chega o momento de definir coisas e é esse ponto que nos tem preocupado.
Durante algum tempo discutimos sobre a intervenção no espaço público e percebemos que não seria muito produtivo ficar no patamar das discussões e resolvemos ir para onde teríamos as respostas que procurávamos.
Em um exercício criamos três cenas individuais onde interagíamos com um grupo pequenos de pessoas. Queríamos saber como seria apresentar uma cena para uma ou duas pessoas, já que, quando apresentamos na rua sempre se aglomera muita gente, o que aconteceria se apenas uma pessoa visse aquele trabalho?
Primeiro definimos as cenas e o próximo passo era escolher o local dessa intervenção. Chegamos ao consenso que a feira da Granja Portugal seria um ótimo local para fazermos essas experimentações. O dia chegou e o nervosismo nos pega, como vou abordar? Como fazer a pessoa escutar o que tenho pra falar? Como eles vão reagir?
Essas eram algumas das dúvidas e inseguranças que sentíamos, mas nos jogamos nessa experimentação pra ver no que dava.
A princípio foi muito difícil chegar para uma pessoa e fazer uma cena onde o olho no olho era a única marca cênica. Percorremos toda feira e a cada “apresentação” nos surpreendíamos com as reações do público, alguns se envolviam na cena e nos dava apoio, outros não conseguiam se concentrar, afinal, o universo de uma feira livre tem inúmeros elementos que chamam a atenção e outros simplesmente assistiam sem se manifestar.
Essa experiência sem dúvida foi uma das mais difíceis e gratificantes que já tive no teatro, mesmo trabalhando na rua há nove anos, podemos perceber que a rua pode nos dar elementos que nunca imaginávamos que poderíamos trabalhar.
Após essa experiência continuamos pensando e criando, fizemos uma pesquisa sobre jogos infantis, brincamos muito, pesquisamos ainda mais sobre a performance e a intervenção e chegamos a uma conclusão, NÃO SABEMOS O QUE FAZER?
Muitas foram as idéias, as pesquisas, as sugestões, muitas coisas foram pensadas e esse foi o grande problema. Como criamos muitas coisas é difícil descartar as idéias e trabalhos que já tínhamos pensado e seria mais difícil ainda juntar tudo o que já tínhamos produzido.
Na verdade me sinto muito feliz por estar nessa confusão, isso é sinal que conseguimos a nossa meta, pesquisamos, estudamos, experimentamos, aprendemos e temos a certeza de que nada vai ser desperdiçado, pois tudo pelo o que passamos é de propriedade nossa.
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