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Pelos territórios do nordeste brasileiro – Fortalecimento da Rede de Teatro da Periferia e do Campo

Posted by Nóis de Teatro On 15:29 No comments




Por Kelly Enne Saldanha

A caravana Nóis de Teatro vem para concluir nossas comemorações de 10 anos de atividades. Depois do lançamento do Livro “A Arte que vem das margens- 10 anos de Nóis de Teatro” e o documentário “Um Pouco Sobre Nóis”, a caravana vem para abrilhantar nossos festejos.  Nossos planos são de percorrer a periferia, o campo e o nordeste levando nosso fazer teatral, o nosso olhar sobre a vida, o cotidiano e tudo mais que abordamos em nossos espetáculos.

Dia 12 de abril de 2013, começou a Caravana Nóis de Teatro 10 anos. Nossa rota começou pelo município de Fortim, a 135 km de Fortaleza. Saímos numa sexta, à tarde e fomos logo para o Assentamento Coqueirinho.  Recepcionados pelo Grupo Loucomotivas de Teatro, iniciamos logo nossos preparativos para apresentar nossa encenação.

Já levamos “sertão.doc” para vários locais do país e para diversos tipos de pessoas. Dezenas de apresentações já foram feitas e centenas de pessoas já assistiram. Isso significa que a apresentação foi a mesma coisa? Não.  São pessoas diferentes, assentamentos diferentes, realidades diferentes. A reação de cada pessoa diante do espetáculo, diante dos desmandos do capitão, diante dos amigos que já tombaram na luta pela terra, cada reação difere dos que já viram Sertão.doc. Além de ser um dia especial por ser inicio da caravana, foi também por outros dois motivos. Primeiro era a estreia de nosso mais novo integrante do Sertão.doc, Dario Oliveira, e por ser também seu aniversário.

O Assentamento Coqueirinho, em Fortim, é um exemplo de organização e proatividade da juventude. Coqueirinho completou 17 anos e desde 2002 vem fazendo atividades teatrais. As famílias vivem essencialmente da agricultura e até não sofrem tanto com a ida de pessoas do assentamento para outras capitais. Uma realidade muitas vezes enfrentada em outros assentamentos. Alessandro Nascimento foi um dos pioneiros do fazer teatral, como ele mesmo diz: “faço parte da primeira geração”. Hoje já podemos ver que o Grupo Loucomotivas de Teatro está chegando a sua quinta geração. A garra e desempenho desses jovens da comunidade de Coqueirinho foi e é tão marcante, que o nome do grupo tem relação com isso. Motivantes e loucos. Loucomotivas! E não é que esse negócio pegou. E assim, vem transportando sua luta ambiental através da arte e da cultura. Composta essencialmente de jovens, passa pelas mesmas dificuldades que todo grupo de teatro, apesar de a comunidade ver no grupo uma possibilidade de manter o jovem no assentamento, longe das possibilidades incertas que a capital traz.

Como fortalecer o fazer teatral desse grupo, tão longe fisicamente e tão perto também? Temos agora a Rede de Teatro da Periferia e do Campo para ajudar nesse processo.  E quantas possibilidades podemos ter... Uma delas, Alessandro mesmo falou: levar o Encontro da Periferia e do Campo para Fortim. Isso poderia criar ou mesmo fortalecer o apoio das secretarias de cultura dos municípios. Esse olhar do poder publico para as atividades culturais feitas pelos assentamentos poderia trazer benefícios tanto para o grupo como para o assentamento e também para o município. Esse tipo de município geralmente não enxerga as produções feitas no seu entorno. Pensa-se que cultura se define com bandas de forró vindas de fora, que levam milhares de reais para seus bolsos, enquanto, a arte e a cultura local ficam às migalhas. Potencializar as produções locais, passar por processos formativos, ver e fazer teatro são exemplos do que a Rede pode fazer.

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