Por
Bruno Sodré
Saindo de Maceió, partindo pra casa. Cansado, mas fechando os olhos me vem toda a energia que fluiu e rodeou a apresentação de “Sertão.doc” na última noite na 8º Mostra Aldeia SESC Guerreiro de Alagoas. Olhando a estrada querendo fechar os olhos e logo vem a imagens dos olhares da chegada de cada um na cozinha do SESC, espaço que resignificamos como nosso, nossa garagem de rock’n roll. Cabos, fios, aços e luzes pelo chão que fortaleciam esse espaço de encontros, encontro de brasileiros, encontro de baderneiros que planejam ir pra rua, pra mudar o nosso país, e ali era o local escolhido para esse encontro, naquela hora, naquele dia e, pra ser mais especial, o último dia da nossa caravana pelo nordeste.
Cansado
e fechando os olhos. É, realmente não consigo descansar. Sentido fragmentos dessa
energia. Começando a ouvir “Blues da Piedade” na voz de Altemar di Monteiro e
Murilo Ramos. Todos pedindo piedade pra essa gente careta e covarde, fazendo da
musica nossa produção de energia, um corpo que grita por mudança e, pra isso
acontecer, abdômen preso e veias saindo pelo pescoço, como um revolucionário/ vândalo/
baderneiro que corre na direção do gás lacrimogêneo: ele sabe dos efeitos, mas
mesmo assim corre esse risco pra que, com toda força, lance-o novamente. Porque
assim surge o caos e nada mais fica na calmaria (caos invisível). Todos ficam
em alerta, a flor da pele, um “Kamikaze” (olhando agora pra Murilo Ramos) e “Sertão.doc”,
que é de rua feita entre quatro paredes por conta da chuva, com Dario Oliveira
que, cansado depois de 17 horas de viagem, chega pra apresentação sem ter tempo
de respirar, ele faz do espetáculo essa respiração. Apresento outro kamikaze
Jefferson Saldanha que foi capaz de se em pendurar pra que as imagens do
projetor dessem certo. Olhando pra você Murilo dormindo e te digo, realmente
fomos todos kamikazes! Não fomos? Responda-me quando acordar.
Maceió
deixara lembranças, lembrança da companheira que abracei na cena do ‘Patrão
nosso de cada dia’, do companheiro que me deu um sorriso e me estendeu a mão
quando Jeremias estava cantando musica de ninar. Veio-me agora a imagem de um
senhor que assistiu os três espetáculos (A granja, O que mata é o costume e Sertão.doc)
nos dias anteriores, que estava com a camisa amarela e que não consegui falar
após o espetáculo para agradecer, mas agradeço a cada um. A cada um que gritou
junto com a gente.
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