Por Edna Freire
Começamos dia 03 de junho com uma roda
de conversa, já tinha experiência com a turma em oficinas, mas percebi que
tinham alguns novatos. Assim que cheguei no espaço da oficina, uma das
primeiras perguntas foi “vamos brincar de quê?” Minha resposta “vamos brincar
de conversar!”, senti um pouco de decepção em seus rostos.
Sentados em uma grande roda, em torno
de 15 alunos, fui explicá-los a importância das oficinas, como seriam as
oficinas, o horário, e algumas regrinhas dentro das oficinas. Pensei em algumas
atividades para esse dia, porém, não realizei porque a conversa foi estendida,
por já conhecer a maioria, ficar a vontade foi fácil. Com a conversa fui conhecendo
os que eu ainda não tinha tido contato, e com esse momento de ficarmos a
vontade, os que não me conheciam foram tirando a timidez e me deixaram entrar
um pouco em suas historias.
Começamos e acabamos sentados,
conversando sobre um pouco de tudo, sobre a oficina que tinha acontecido
anteriormente, como tava a vida pessoal em casa, na escola, na rua. E o
engraçado, foi perceber a mudança, da ultima vez que os vi até agora. Tem
criança que começou com a gente nas oficinas com 11 anos, hoje com 13 anos, com
mesma vontade de participar das atividades das oficinas.
Quando passada alguma atividade,
percebe-se no ato da execução, a diferença dos que já vinham participando das
oficinas, existe um pouco mais de maturidade, de desempenho.
Geralmente começo a oficina com pequeno
alongamento (é uma tortura pra eles), faço um jogo em que eles tenham que
correr pra um aquecimento (se pudessem viveriam correndo), existe muita energia
contida naquelas crianças. Outro dia vi um grupo de pessoas fazendo uns
exercícios na rua, um dos exercícios era levar um pneu de caminhão até o outro
lado, pensei alto pra pessoa que estava do meu lado, vou fazer esse exercício
com as crianças, me devolve uma pergunta “pensei que fossem crianças?” E são,
mas com força que eles têm, e energia que não acaba, levar pneu é fichinha pra
eles. Obvio que não seria passada uma atividade como essa, porém, coloquei esse
episodio aqui, pra falar da força de vontade dessas crianças com as atividades,
o quanto a energia deles é grande. Essa energia me fortalece.
Saio de casa com as atividades a ser
passadas para as crianças, com um pensamento “hoje fico surda” ou “hoje saio
rouca”, a vontades daquelas crianças muitas vezes é ensurdecedor. Para chamar
minha atenção “gritam”, então comecei a pensar em como deter isso, como eles
poderiam melhorar nisso, então simplesmente eu olho pra e fico calada, logo que
comecei a fazer isso eles gritavam mais ainda, então expliquei que eu não
responder enquanto não falassem direito. No meio da atividade a gritaria vem,
eu apenas olho e não respondo então eles acalmam e falam mais baixo, entendendo
que também da pra chamar a atenção sem precisar gritar.
Na oficina oficialmente tem 15
crianças, de vez em quando aparecem mais 6 que começaram a ir depois, percebi
que esses iam mais para perceber como seria aquelas oficinas, provavelmente um
dos participantes deve ter convidado. Eu deixo a vontade, essas crianças participam
das atividades, mas no dia seguinte já não aparece, e assim sucessivamente. Uma
dessas crianças que vão sem compromisso (vou colocar assim) trabalha vendendo
bombons nos terminais de ônibus, Rodrigo não me disse com certeza sua idade,
como se ele não soubesse direito, ou por causa de certa timidez pra falar sobre
sua idade ao responder a minha pergunta, Rodrigo tem seus 12 anos, extremamente
experto, mas sem compromisso com a oficina, em plena atividade Rodrigo pulou o
muro e foi embora, em outro dia perguntei por que ele tinha saído, ele
respondeu sem nenhuma preocupação “fui jogar bola com meus parcas”, sempre que
o vejo faço o convite pra ficar participando das oficinas, e a resposta é
“claro tia!”
As oficinas acontecem as segundas,
quartas e sextas, a noite das 19h às 21h, com possibilidade de mudança de
horário, mas pelas crianças aconteceriam todos os dias e o dia inteiro. No
final do mês de junho, comecei as atividades voltadas para interpretação
teatral com jogos teatrais, ao falar sobre montar algo para apresentar na
comunidade, a animação é unanime. Estou pensando sobre qual texto montar com as
crianças, como seria a montagem, e todos os dias das oficinas as crianças
perguntam como vai ser, o interesse é grande, espero que na hora do fazer, eles
não percam o interesse, já que estamos falando de crianças, que tem momentos e
gostos inconstantes.
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