Por
Doroteia Ferreira
A estrada
de barro vermelho, de mato pra todo lado, cheiro bom de vida, de natureza, de
gente que olha no olho e convida pra entrar em sua casa. Um povo de coração
forte e com muitas historias para contar. Com um largo sorriso nós lábios fomos
recebidos em Codó, na comunidade de Santo Antônio dos Pretos, bem afastada de
São Luís. Tudo foi muito rápido, mas essa vontade de voltar a esse lugar era
maior. É como se desde o momento que cheguei naquele lugar ele já me
pertencesse, pois cada quilombola é meu irmão de resposta a muitas das minhas
perguntas que trago e que não tinham respostas.
Na verdade
trazemos no peito um desabafo: a luta ainda não acabou. Sabemos que o branco
pode ser dono de muitas terras, mas os negros até parecem que morram de favor.
A Careca, uma
das moradoras da comunidade, é a mulher que faz lindas tranças, e bem rápido.
Fez as tranças na cabeça de quase todo mundo, deixando seus traços, o que
poucos sabem... fazer deixar a cultura viva, não alisar e sim fazer tranças. No
entanto nas cidades urbanizadas o que mais acontece é que as negras só são
vistas se tiverem os cabelos bem esticados, lisos. Isso é aceitação, não é a
maneira que garotas encontraram para ser aceita pela sociedade.
A noite
cai e todos esperam para assistir o resultado, o espetáculo, a história que
eles conhecem e poucos querem tocar no assunto. Quem condena o homem? Quem é a figura
do policial para aquela comunidade? A existência de mães que lutam para seus
filhos ficarem vivos...
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