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EM SANTO ANTÔNIO DOS PRETOS

Posted by Nóis de Teatro On 13:44 No comments



Por Doroteia Ferreira



A estrada de barro vermelho, de mato pra todo lado, cheiro bom de vida, de natureza, de gente que olha no olho e convida pra entrar em sua casa. Um povo de coração forte e com muitas historias para contar. Com um largo sorriso nós lábios fomos recebidos em Codó, na comunidade de Santo Antônio dos Pretos, bem afastada de São Luís. Tudo foi muito rápido, mas essa vontade de voltar a esse lugar era maior. É como se desde o momento que cheguei naquele lugar ele já me pertencesse, pois cada quilombola é meu irmão de resposta a muitas das minhas perguntas que trago e que não tinham respostas.

Na verdade trazemos no peito um desabafo: a luta ainda não acabou. Sabemos que o branco pode ser dono de muitas terras, mas os negros até parecem que morram de favor.

A Careca, uma das moradoras da comunidade, é a mulher que faz lindas tranças, e bem rápido. Fez as tranças na cabeça de quase todo mundo, deixando seus traços, o que poucos sabem... fazer deixar a cultura viva, não alisar e sim fazer tranças. No entanto nas cidades urbanizadas o que mais acontece é que as negras só são vistas se tiverem os cabelos bem esticados, lisos. Isso é aceitação, não é a maneira que garotas encontraram para ser aceita pela sociedade.

A noite cai e todos esperam para assistir o resultado, o espetáculo, a história que eles conhecem e poucos querem tocar no assunto. Quem condena o homem? Quem é a figura do policial para aquela comunidade? A existência de mães que lutam para seus filhos ficarem vivos...

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