Foto: Lili Rodrigues
Por: Henrique Gonzaga
A visita à comunidade de Porteiras, talvez fosse uma das
mais esperadas para todos que fizeram parte do processo de pesquisa do projeto
Todo camburão Tem Um Pouco de Navio Negreiro. Lá tivemos um contato e uma
proximidade muito grande com os quilombolas.
A apresentação estava agendada para acontecer no Quilombo
dos Souza, mas um dia antes da viagem fomos avisados que não poderia ser lá por
que aconteceria na mesma data a festa de Oxossi, no terreiro que fica na sede
do município e que todos da comunidade estariam na festa, por isso fizemos a
apresentação em uma das praças da cidade.
Depois de uma longa viagem, chegamos e fomos recebidos pelo
senhor Zé Pereira, o Pai de Santo do terreiro que havíamos visitado no primeiro
contato. Como da outra vez, ele nos acolheu com um largo sorriso e nos levou
para sua casa, que já estava em ritmo de festa. As crianças correndo, muita
gente entrando e saindo, as cantorias, as risadas e tudo que se simbolizava a
felicidade do momento.
Descansámos um pouco e fomos logo para a montagem do
espetáculo, que leva em média cinco horas. Começamos a apresentação às cinco da
tarde, o sol ainda estava a pino, a população da cidade, de início ficou um
pouco afastada, como dizemos aqui, ficou um pouco “cabreira”, mas no decorrer
da apresentação foi chegando perto e se envolvendo junto com todos nós.
Começamos o espetáculo ainda estava de dia, parecia que a natureza estava
conversando com a gente, pois as cores do por do sol refletiam no espetáculo de
uma forma linda, tudo aquilo que estava sendo mostrado tinha como pano de fundo
um sol que escondia para que a lua brilhasse soberana.
Foi Lindo!
As pessoas estavam vidradas. Por mais que o espetáculo tenha
duas horas de duração, elas não saíram de lá. As reações eram várias, um
sorriso, uma cara ruim, uma desconfiança no que estava vendo, um brilho no
olho, tudo isso costurado por uma sensação de revolta pelo o que estava sendo
visto. Após a apresentação aplausos e boas energias.
Depois do espetáculo voltamos para a casa do seu Zé Pereira,
onde a festa já tinha começado e como se diz: foi macumba a noite inteira.
Saímos de Porteiras mais uma vez felizes, com tudo que foi
aprendido, tudo que foi feito. Nas malas trouxemos o sorriso daquele povo, a
energia daquela gira e o mais importante a força daquela gente.
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