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JORNAL A MERDRA Nº 13 - POR UMA POÉTICA DA PERIFERIA

Posted by Nóis de Teatro On 18:31 No comments

Por Altemar Di Monteiro


São incrivelmente gratificantes os retornos e resultados que temos acompanhado em relação à produção e distribuição do Jornal “A Merdra”. Na sua décima terceira edição, mais de 13.000 exemplares já circularam pelas periferias desta cidade, alcançando também alguns espaços em outros estados, contribuindo – de forma mesmo informal, e isso é uma escolha – com a produção do pensamento e do conhecimento de populações historicamente marginalizadas no processo de construção da “História” cultural oficial. Intercalando textos sobre as experiências do Nóis de Teatro com artigos e matérias sobre outros atores da cultura cearense, o jornal segue em busca pela contribuição na descentralização e democratização do acesso a bens de ordem imaterial e subjetiva nas comunidades por onde temos passado. A nossa rede de parcerias se fortalece em intercâmbios, multiplicando-se numa múltipla “Paideia” de conhecimento comunitário, popular, dialogando com uma necessidade quase militante de transformação do mundo que nos cerca.

A terceira edição se enche de singularidade para os editores do Jornal por ter no seu escopo editorial, mais uma vez, experimentos sensíveis de produção de subjetividade sobre a causa negra nas periferias. Com o apoio da PETROBRAS e do CADON, através do 3º Premio Nacional de Expressões Culturais Afro-Brasileiras, estaremos realizando no mês de maio o terceiro ato da nossa intervenção urbana “O Jardim das Flores de Plástico”. Foram quatro meses de processo com nove artistas negros das periferias de Fortaleza com o intuito de realizar um ato cênico nos espaços públicos das nossas comunidades, em especial o Bom Jardim, Pirambu e o Planalto Pici. Durante esse processo muita coisa foi produzida pelos “teatreiros” participantes, com objetivo de avançar nas discussões e produções práticas de uma poética de matriz negra, nascida da pulsão inventiva da juventude negra das periferias. Neste jornal reunimos poemas criados pelos artistas participantes, além de outros textos, artigos, entrevistas e desabafos sobre o que é ser negro num estado que ainda teima em não reconhecer a produção cultural que vem do celeiro da inventividade ativa do que se é (sobre)viver.  

Avançando na produção estética das nossas experiências pessoais e na performatividade de um olhar inserido no contexto suburbano, trazemos também outros textos poéticos (além de uma dica de filme) sobre a singularidade de uma noção poética – que se afirma criticamente – sobre as geografias e arquiteturas do território onde estamos inseridos. Poesia e crítica social se fundem num constante debate sobre periferia, cidade, cultura e as populações que habitam esses territórios, em sua maioria negra, vítima do absurdo descaso das políticas públicas brasileiras.

Confira o jornal:

 

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