Chegamos à décima quinta edição do
Jornal A Merdra (Setembro-Outubro), com um conteúdo especial escrito por
Altemar Di Monteiro, Kelly Enne Saldanha, Henrique Gonzaga, Augusto Azevedo,
Silvia Moura, Débora Amaro, Fernando Leão e Nayana Santos. Você também pode
contribuir para a edição 16 a ser lançada em novembro. Basta enviar sua
proposta textual para gruponois@yahoo.com.br.
Podem ser poemas, artigos, crônicas, noticias, o que importa é discutirmos
arte, cultura e sociedade, em especial as que partem das comunidades de
periferia.
EDITORIAL
“Pra quem tem teto a rua é prazer”, lugar onde podemos
“andar no ‘sentido contrário’, indo na contra mão”, investindo nosso olhar na produção de outros sentidos
sobre o mundo, sobre a vida, sobre a existência. A rua, esse lugar que nos
inspira e nos deixa “em carne viva”, lugar onde podemos
observar as “marcas inapagáveis do passado
e o olhar vertiginoso sobre o futuro” e, elevados a um estado de imaginação
material, “reinventamos a vida, reinventamos os sonhos”. A rua nos inspira, ela nos revela, ela nos liberta. Mas
que rua? Que ruas? Num mundo onde cada vez mais somos cercados de ideia de
privatização, de shoppings por todos os lados, de monitoramento panóptico e
cerceamento policial, cada vez fica mais difícil ocupar os espaços públicos e
transbordar em afeto e desejo de encontro. Mas é preciso resistir e “seguir na luta cotidiana por um mundo
totalmente avesso a esse que identificamos, com tantas mazelas, tanto racismo,
tanto desamor”.
É possível observar no cenário
cearense, e porque não dizer, no brasileiro, um levante de produção cultural
que vê na rua um lugar de produção do ‘exercício experimental da liberdade’,
lugar da “expressão
de uma juventude inquieta com a sociedade”
e que, através da sua inventividade aspiram outros modos de vida. Como diz
Fernando Leão, “é o ato de imaginar que nos permite nos
situar num tempo futuro e, assim, sonhar o “inédito viável”. Mas faz-se
necessário ampliar nosso olhares, desconstruir nossas percepções, complexificar
nossas vozes e discursos, reconstruir a imaginação e desconfiar, desconfiar
sempre da “natureza” inóspita e selvagem da privatização constante da vida. “Contra os donos do
agrobiz, contra os reis do agronegócio”, a favor da vida, e da vida
em abundância!
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