.

.

About

O QUASE NADA DAS EXCLUSÕES, INCLUINDO

Posted by Nóis de Teatro On 14:01 No comments

Por Kelly Enne Saldanha




O espetáculo Quase Nada, patrocinado pela Petrobras Distribuidora de Cultura via Minc/ Lei Rouanet, dentre tantos temas abordados, vem trazendo para a cena a problemática da violência que torna Fortaleza como a sétima cidade mais violenta do mundo. A sensação de insegurança incentivada ainda mais pela mídia local gera conflitos entre as diferentes classes sociais, tornando uma inimiga da outra e propagando que a periferia é a produtora da violência nas grandes cidades.
Todos estão inseridos e sendo oprimidos pela violência que sofre a cidade. O espetáculo que fala das exclusões sociais chega em São Luís com o intuito de incluir.
A temporada do espetáculo no Maranhão foi surpreende. Pela primeira vez tivemos que incluir o intérprete de libras durante a apresentação. Foi um espaço revelador, reforçando ainda mais intenções e surgindo outras características identificadas no espetáculo.
O público dos surdos é um público muito especifico e cheios de particularidades e cuidados que o Nóis deveria ter. Antes de qualquer coisa precisávamos alinhar as informações sobre o tratamento a eles destinado. A comunidade surda ainda precisa de muito trabalho em relação a divulgação de informações para melhor entendimento de sua condição e da melhor forma de tratamento interpessoal.
Logo no primeiro encontro com os intérpretes César Rafael e Roselane Martins percebemos que o espetáculo estava longe de trabalhar com a inclusão de surdos. Primeiro porque em nosso trabalho temos a visão do espectador retirada em muitas vezes, ficando o contato da plateia somente pela audição. Já aí tivemos o primeiro problema a ser resolvido com a ajuda dos interpretes. Outra questão que precisávamos resolver era a mudança constante do cenário, o que poderia impossibilitar um local fixo para ambos. Tentando mediar o espetáculo e o publico da comunidade surda, resolvemos então fixar um lugar tanto para os interpretes como para a plateia surda. Isso possibilitou haver poucas mudanças em relação a movimentações do cenário e dos atores.
Do feedback que tivemos do próprios tradutores, algumas mudanças em seus trabalhos de interpretes de libras tiveram que ocorrer. Primeira mudança se deu pela cor da roupa, geralmente preta. Para se adequar a paleta de cores do espetáculo, eles tiveram que usar roupas em tons pastéis e claros. A iluminação pensada para os interpretes foi de acordo com a cor e intensidade aplicada no decorrer do espetáculo. Como trabalhamos também com blackout, o tempo que a luz deles estava acessa também foi pensada para que a comunidade surda tivesse acesso àquilo que é dito no escuro.
Como retorno da comunidade surda feita nos momentos dos debates, tivemos um grande êxito. Eles estivem presentes em pelo menos duas sessões do espetáculo no Teatro João do Vale. Retornaram com ainda mais público e em suas falas ao final do espetáculo davam a dimensão da importância desse trabalho realizado pelo Nóis de Teatro e pelos intérpretes. Foi sucesso!


0 comentários:

Postar um comentário