“Certamente a marca que o Nóis imprimiu em mim foi a
consciência de estar e ser negra periférica.
Minha vida inteira fui impelida para longe. Meu bairro não
tinha, na visão dos meus pais, boas escolas assim como, também, não tinham
locais de convivência cultural ou onde fossem ofertados cursos ou coisas do
tipo. E eles acharam por bem matricular a mim e meus irmãos em espaços em
bairros com mais recursos. Já no fim da adolescência passei a acompanhar minha
mãe na profissão de cabeleireira, a qual exerço até hoje e desde sempre nos
bairros mais nobres da cidade.
Paralelo a isso tudo, na minha vida nascia o NÓIS. Que, com
a magia encantadora que só a arte tem, me segurou na minha raiz. Me fazendo
perceber q a visão dos meus pais - visão essa que eu já tinha tomado como minha
também - de que a periferia não tinha o que oferecer, era distorcida.
Em um segundo momento já não tão próximo do grupo mas
acompanhando seus passos como uma fiel admiradora, continuei sendo alcançada
pelo empoderamento cultural, racial e periférico.
Sem dúvida existe muito em mim do NÓIS DE TEATRO”.
Taline
Martins
Estudante de Psicologia e cabeleireira
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