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ESTAMOS AQUI E CALADAS NÃO MAIS/JAMAIS!!!

Posted by Nóis de Teatro On 15:12 No comments


Por: Amanda Freire

Todos os meses, dias e horas que vão passando me fazem perceber o quão importante e imensurável esse projeto é para mim e, certamente, para as demais envolvidas. Ler Carolina é como reaprender a viver, reaprender a caminhar e respirar. Após nosso encontro maravilhoso com a tutora Adriana Schneider temos nos debruçado ainda mais sobre o texto e investigado ainda mais a nossa dramaturgia, partituras corporais.
    
Como texto X reverbera no meu corpo? Será da mesma forma na outra? Sabemos que cada uma de nós temos nossas vivências enquanto ser/mulher. Da mesma forma que sentimos o quanto passamos pelas mesmas situações machistas, misóginas e patriarcais que assolam nosso país/mundo. Todo encontro me sinto um pouco mais rasgada. Esse processo chega nas nossas entranhas! É REAL! Estamos aqui e caladas não mais/jamais!!!

Imergir no mundo de Quarto de Despejo e sentir que também pode ser essa cidade, nosso bairro, favela de Canindé em 1960, mas também a favela São Francisco em 2017.

Todos os dias em busca de Carolina, sua vida, seus afazeres e desfazeres. O que seria Carolina hoje, em outubro de 2017 aqui em Fortaleza? Lidar com a fome, sobreviver com a fome. Fome de quê? O que era papel virou jeans, 0,5 centavos a limpeza da peça. LIMPAR! Higienizar a cidade: "despeja na favela"!

Estamos sendo mortas, brutalmente assassinadas e quem nos vê? Nos calam todos os dias. Sutileza: "cala a boca" é o mesmo que: "quem vai acreditar em você"?

Temos usado bastante nosso espaço cênico que, no caso, é nossa sede de teatro e ansiosas para explorar um pouco mais o trabalho na rua. A vontade de sair na rua gritando é forte mas como fazer isso de uma forma sutil que chegue como uma pena fazendo cócegas no espectador?

Abrir o processo para outras pessoas tem sido um gás a mais: oficina, debate, rota de criação nos trazem sempre um feedback diferente que nos faz repensar, mudar, bagunçar. A nossa bagunça tá grande, quando falo bagunça é no melhor sentido da palavra, bagunça cheia de proposições e questionamentos.

Perguntas, indagações e questões é o que permeia em mim nesse momento. Não tenho respostas e nem as quero. Que possamos ir em busca de mais tensões e questões e que nesse entremeio possamos descobrir possibilidades do/no erro ou acerto.

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