Por
Kelly Enne Saldanha
O
Nóis de Teatro realiza, no Grande Bom Jardim, periferia de Fortaleza, oficinas
de teatro para crianças. Desde 2013, mais de 120 crianças foram atendidas com
diversos processos formativos. Muitas crianças, que hoje já estão na juventude,
passaram por Nóis, quer seja vendo um espetáculo, participando de uma oficina
ou mesmo vendo o Bonde da XXIII (turma infantil que mora na Rua XXIII de Junho
e vão em grupo para a oficina de teatro) passar em direção a sede.
Revisitando
imagens antigas relacionadas a oficina de teatro, me deparei com um mosaico de
chinelas que comumente ficam a porta de entrada. O pé no chão é um hábito que
construímos nesse nosso segundo lar. Ao adentrar a sede aos pulos e gritos, as
crianças experimentam ali, um gostinho breve de liberdade.
Porém,
ao rever a imagem das chinelas na sede, minha lembrança levou-me para a chacina
das Cajazeiras, onde um amontoado de chinelas também circulou pelas redes
sociais. E não pude conter a inúmeras relações e significados que as duas
imagens lançam para mim. De tão inquieta que fiquei, me pus a escrever. Como
pode, duas imagens tão parecidas e tão diferentes? Os caminhos traçados por
cada pisante das imagens são inúmeros. Mas quais semelhanças? Quais diferenças?
Onde as histórias se cruzam?
Cajazeiras
e Bom Jardim ficam em opostos na cidade de Fortaleza e, apesar da distância,
não apresentam muitas diferenças. Quantas e quais oportunidades esses grupos
descalços tem ou tiveram? Que futuro estamos construindo para nossos jovens?
Oportunizar
atividades culturais para a comunidade é algo que o Nóis de Teatro realiza em
seu trabalho, que brevemente completará 16 anos. Nesse tempo, diversos
caminhares foram realizados e nessa oportunidade que é ensinar e aprender,
esses cinco anos de atividades voltadas para esse público tem sido de grande
importância para o trabalho que realizamos na comunidade. Para que mais
chinelas como a primeira imagem sejam geradas. Sigamos!
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