.

.

About

HISTÓRIAS DE BANHEIRÃO

Posted by Nóis de Teatro On 13:47 No comments

 


Por Henrique Gonzaga

 

O processo de pesquisa do novo espetáculo do Nóis, que tem o título provisório de Ama, tem nos colocado em uma profunda reflexão sobre os nossos corpos e como eles se relacionam com a sociedade. É importante ressaltar que, em período de pandemia, os nossos corpos enfrentam mais uma possibilidade de morte, fora todas as outras que uma sociedade racista, homofóbica e machista nos oferece. Dentro dessa reflexão, estamos discutindo sobre as experiências que os nossos corpos dissidentes tiveram e ainda tem nas construções das relações com essa sociedade.  

 

Em um momento específico do processo, fomos provacades a pensar em histórias que se passaram com a gente e contá-las utilizando um espaço da sede do Nóis, essa proposta veio para estreitar os laços entre as participantes do processo.

 

No exercício houve uma grande coincidência, as três artistas contaram as suas histórias utilizando o mesmo espaço, o banheiro. Essa coincidência nos chamou atenção para o fato de as histórias terem um teor de confessionalidade e aquele espaço, tido como um dos mais íntimos de uma casa, era o local perfeito para se contar uma história íntima.

 

Foram contadas três histórias completamente diferentes e o que juntava elas era energia de intimidade compartilhada naquele exercício, assim como, o espaço do banheiro construindo o cenário perfeito para cada uma.

 

Após a apresentação das propostas, começamos a discutir sobre o tom confessional que as apresentações tinham, pela história, pelo banheiro, pelo tom que era usado e como tudo aquilo se tornava potente dentro de uma produção fílmica.

 

Mesmo com as propostas sendo executadas de uma maneira muito interessante, colocamo-nos a pensar como aquelas histórias poderiam sair do tom confessional para um tom ficcional. Como fazer de uma história real, uma grande ficção? O que é ficcional? O que é o real? 

 

Essa perguntas permearam um debate muito interessante sobre as apresentações que foram feitas, mas também, sobre os modos que podemos utilizar das nossas vivências e criar algo que deixa de ser uma experiência individual e passa a ser uma vivência coletiva.

 

Essa discussão entre o real e ficcional tem trazido muitos desdobramentos para o processo de pesquisa, tem nos feito pensar que lugares do real do nosso corpo queremos tocar e como fazer desses lugares uma ficção que gere o engajamento de outras pessoas, que elas possam embarcar no que estamos propondo.

 

O processo ainda está caminhando, sem uma direção exata de onde vai chegar, mas estamos nos permitindo primeiro nos conhecer, adentrar as nossas realidades para começar a construir as nossas ficções.

 

 

“Este projeto é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura, através do Fundo Estadual da Cultura, com recursos provenientes da Lei Federal nº 14.017, de 29 de junho de 2020”


0 comentários:

Postar um comentário