.

.

About

SEM TEATROS. COM TEATRO.

Posted by Nóis de Teatro On 09:31 No comments

Este Circuito é um PROTESTO em forma de celebração e conclamação.



 

Celebra o movimento teatral que corre no corpo de Fortaleza, expande-se por suas artérias. O momento, inédito, em que tantos grupos, coletivos, artistas, estudantes, pesquisadores, amantes de teatro ocupam as mais variadas paisagens da cidade, estabelecendo novas formas de relação com moradores, bairros, espaços, gentes, públicos. De norte a sul, leste a oeste, Bairro Ellery à Serrinha, José Walter a Dias Macedo, o teatro promove a RE-VIRADA, de fato, da cartografia cultural de Fortaleza. Cumpre seu destino de “ir onde o povo está”. Conquista poeticamente, mas também bravamente, territórios de grande riqueza humana, ressentidos, por outro lado, de maiores perspectivas, em meio a uma realidade árida - porque, via de regra, a vida nesta cidade é árida. Carece de imaginação, afeto, encontro, cultura humana: exatamente a zona física na qual o teatro trabalha. Celebrar um Circuito Alternativo de Teatro significa reconhecer a relevância de todos esses espaços – físicos inclusive – de atividade teatral que cumprem função de verdadeiros centros culturais espalhados por Fortaleza. Promovendo formação artística e de público, expandindo possibilidades de entendimento, novas razões de ser. Uma sociedade mais múltipla, tolerante e preparada contra as mistificações sociais de todo tipo – pois é da natureza do teatro pôr todas as coisas a nu e fabular sem culpas nem dissimulações sobre o Humano. É por esse motivo também que, historicamente, desde sempre, quem tem o rabo preso, quem não se compromete com a verdade e com o Humano, tem sérios problemas com o teatro. Melhor seria deixá-lo de canto, sem canto.

E é por isso que este Circuito também conclama. Dá seu grito do bode, impertinente, e necessário. Sua realização é também protesto contra uma tentativa de assassinato cultural do teatro – e sejamos justos, das manifestações artísticas todas – em nossa cidade, nosso Estado. Assassinato cultural aqui não é figura de linguagem. É constatação de fatos. Como empregar outro termo neste momento em que numa capital de 2,5 milhões de pessoas, pode-se contar nos dedos de uma mão os teatros que funcionam sob responsabilidade pública ou privada? E dos quais três (Theatro José de Alencar, Teatro SESC Iracema e Teatro Dragão do Mar) entram, em breve, em obras, sem alternativas aos seus fechamentos? Como admitir que concomitante a isto, teatros históricos, como o Carlos Câmara e o São José estejam parados, sem estimativas de funcionamento? Que outros, como o do Centro Cultural Bom Jardim, por sucessivas más administrações, estejam às moscas? Em suma, uma metrópole sem teatros? Sobretudo: como aceitar que dentre os mais de 180 bairros de Fortaleza, somente uns poucos e privilegiados (espremidos entre Centro-Aldeota) disponham de teatros acessíveis à população? Não é de estranhar, se considerarmos que as secretarias de cultura – e outros órgãos culturais de cunho privado que se dizem compromissados com a sociedade – adotam, nos últimos anos, posturas cada vez mais avaras (pão-duras, mesquinhas mesmo) para suas políticas culturais. Não cumprem sequer suas obrigações básicas, como o lançamento e pagamento de editais artísticos. Não compreendem, muito menos fomentam, as atividades promovidas pela classe teatral de Fortaleza (que não para de crescer e qualificar-se). Não tomam conhecimento das sedes de grupos/coletivos teatrais que, espalhadas pelos bairros da cidade, cumprem uma função que deveria ser compartilhada. Teatro é um bem público. Políticas para o teatro, incluindo para os espaços em que o teatro acontece, são tão necessárias quanto àquelas para hospitais, escolas, segurança pública. Nossa conclamação junto a todos que dividem esse espaço urbano conosco é para esse entendimento: o teatro é necessário. É uma construção amorosa, apaixonada e também cidadã. É tempo da cidade, sobretudo de suas autoridades, reconhecê-lo.
Convidamos todos a conhecer o I Circuito Alternativo de Teatro. Um verdadeiro festival teatral extra-oficial, feito sem nenhum tipo de patrocínio ou apoio público, inteiramente construído pelos artistas da cidade. À margem dos teatros oficiais que estão fechados, mas COM muito teatro a movimentar as sedes de diversos grupos teatrais de Fortaleza. Recebendo outros tantos grupos, artistas e trabalhos teatrais desta urbe, oferecidos generosamente de forma gratuita, sem cachê nem cobrança de bilheteria. A alertar para a ausência de políticas para o desenvolvimento do teatro nesta grande – e ainda árida metrópole. E a afirmar que, apesar disso, o teatro está aí. Nas mais diversas “quebradas” da capital cearense.

Movimento Todo Teatro É Político.
Julho de 2013

www.movimentocoopce.blogspot.com / 
www.circuitoalternativodeteatro.blogspot.com.br

0 comentários:

Postar um comentário