Por Kelly Enne Saldanha
Antes
de falar sobre uma estética marxista, é necessário falar sobre o
capitalista e todas as suas lógicas ilógicas. A estrutura
sistemática da qual estamos inseridos nos impede de analisar melhor
nossa situação dentro desse contexto, ficando na maior parte do
tempo alheio as questões que nos mantem dentro dessa roda, girando
sempre em torno de lucros para os empresários e desigualdades entre
a grande maioria da população.
Esse
entendimento sobre o capital, capitalismo, estrutura social e o
marxismo foram as principais linhas de discussão para refletirmos
sobre essa estética marxista junto
à Iohan Aquino, convidado para conduzir uma etapa do processo de
formação política do Nóis de Teatro.
Inicialmente pudemos refletir sobre a estrutura social anterior
ao
capitalismo. É de consenso que não foi no capitalismo que começou
a história de exploração do homem pelo homem sociedade, mas foi a
partir dele que essa exploração ficou ainda maior e mais forte.
Na
época do feudalismo, a terra não era do homem e tudo que era
produzido pelo camponês era dado uma parte ao seu senhor, o senhor
feudal. Este sistema não parece muito diferente do adotado
atualmente, mas em termos gerais, essa exploração se tornou ainda
maior. Se antes o sistema produtivo era de artesanato, onde os
artesão tinham acesso e contato com todas as etapas de produção,
com a implantação da revolução industrial isso foi ficando
diferente. Desde então e até hoje, cada pessoa é responsável
apenas por uma etapa de execução, não tendo o entendimento do
todo. As pessoas passam a não ter mais o controle sobre a elaboração
de todo o produto, ficando, muitas vezes, sem acesso a como
determinados materias são construidos. O conhecimento geral
produtivo vai sendo substituido pela execução de etapas. Essa
divisão de trabalho estimula o aumento da produção.
Esse
aumento da produção necessita de um aumento de consumo. Cada
material produzido e vendido gera lucro para o patrão. Um dos
problemas do capitalismo está na mais valia. Cada trabalhador produz
inúmeras
vezes mais do
que aquilo
que recebe de pagamento. Essa exploração causa danos
a saúde física e mental do trabalhador, que tem que trabalhar muito
por pouco dinheiro, enquanto que o patrão lucra exacerbadamente.
Tendo que executar seu trabalho, o homem ainda se vê levado a
consumir o que produz. Mas como consumir tudo que é produzido
recebendo o quanto recebe? Essa é uma da lógicas ilógicas do
capitalismo. Sem mencionar o avanço tecnológico, onde cada pessoa
está sendo substituida por máquinas. Sendo assim, o desemprego vai
aumentando. Como manter o consumo sem empregos? Dessa maneira vamos
podendo entender o colapso para onde estamos caminhando.
Falar
sobre o capital e o capitalismo nos faz entender o modo como vive
nossa sociedade. As desigualdades sociais são as maiores causas de
tudo de ruim que temos em nossas vidas. A violência, roubos,
assaltos, exploração, falta de educação de qualidade, falta de
saúde de qualidade, corrupção, tudo caminha para mantermos a
estrutura como está, sem grandes mudanças. Poucos continuam com
muito e muitos continuam com pouco. Ainda é mal feita a divisão do
bolo.
Tudo
isso tem a ver com aquilo que produzimos na periferia em nosso fazer
teatral. Em nossos espetáculos discutimos essas questões em busca
de liberdade, igualdade e fraternidade, lemas das lutas marxistas.
Buscar por igualdade, liberdade e fraternidade está diretamente
contra o capitalismo. Impossível existir esses três lemas existindo
ainda o capitalismo. Foram sobre essas questões que conversamos com
Iorran Aquino, estudante e militante socialista. Foram momentos de
muitas discussões e reflexões. A maior delas é que nossa luta é
muito grande, mas não podemos desistir.
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