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POR UMA ESTÉTICA MARXISTA

Posted by Nóis de Teatro On 11:37 No comments

Por Kelly Enne Saldanha

 

Antes de falar sobre uma estética marxista, é necessário falar sobre o capitalista e todas as suas lógicas ilógicas. A estrutura sistemática da qual estamos inseridos nos impede de analisar melhor nossa situação dentro desse contexto, ficando na maior parte do tempo alheio as questões que nos mantem dentro dessa roda, girando sempre em torno de lucros para os empresários e desigualdades entre a grande maioria da população. 
 
Esse entendimento sobre o capital, capitalismo, estrutura social e o marxismo foram as principais linhas de discussão para refletirmos sobre essa estética marxista junto à Iohan Aquino, convidado para conduzir uma etapa do processo de formação política do Nóis de Teatro. Inicialmente pudemos refletir sobre a estrutura social anterior ao capitalismo. É de consenso que não foi no capitalismo que começou a história de exploração do homem pelo homem sociedade, mas foi a partir dele que essa exploração ficou ainda maior e mais forte. 
 
Na época do feudalismo, a terra não era do homem e tudo que era produzido pelo camponês era dado uma parte ao seu senhor, o senhor feudal. Este sistema não parece muito diferente do adotado atualmente, mas em termos gerais, essa exploração se tornou ainda maior. Se antes o sistema produtivo era de artesanato, onde os artesão tinham acesso e contato com todas as etapas de produção, com a implantação da revolução industrial isso foi ficando diferente. Desde então e até hoje, cada pessoa é responsável apenas por uma etapa de execução, não tendo o entendimento do todo. As pessoas passam a não ter mais o controle sobre a elaboração de todo o produto, ficando, muitas vezes, sem acesso a como determinados materias são construidos. O conhecimento geral produtivo vai sendo substituido pela execução de etapas. Essa divisão de trabalho estimula o aumento da produção. 
 
Esse aumento da produção necessita de um aumento de consumo. Cada material produzido e vendido gera lucro para o patrão. Um dos problemas do capitalismo está na mais valia. Cada trabalhador produz inúmeras vezes mais do que aquilo que recebe de pagamento. Essa exploração causa danos a saúde física e mental do trabalhador, que tem que trabalhar muito por pouco dinheiro, enquanto que o patrão lucra exacerbadamente. Tendo que executar seu trabalho, o homem ainda se vê levado a consumir o que produz. Mas como consumir tudo que é produzido recebendo o quanto recebe? Essa é uma da lógicas ilógicas do capitalismo. Sem mencionar o avanço tecnológico, onde cada pessoa está sendo substituida por máquinas. Sendo assim, o desemprego vai aumentando. Como manter o consumo sem empregos? Dessa maneira vamos podendo entender o colapso para onde estamos caminhando. 
 
Falar sobre o capital e o capitalismo nos faz entender o modo como vive nossa sociedade. As desigualdades sociais são as maiores causas de tudo de ruim que temos em nossas vidas. A violência, roubos, assaltos, exploração, falta de educação de qualidade, falta de saúde de qualidade, corrupção, tudo caminha para mantermos a estrutura como está, sem grandes mudanças. Poucos continuam com muito e muitos continuam com pouco. Ainda é mal feita a divisão do bolo. 
 
Tudo isso tem a ver com aquilo que produzimos na periferia em nosso fazer teatral. Em nossos espetáculos discutimos essas questões em busca de liberdade, igualdade e fraternidade, lemas das lutas marxistas. Buscar por igualdade, liberdade e fraternidade está diretamente contra o capitalismo. Impossível existir esses três lemas existindo ainda o capitalismo. Foram sobre essas questões que conversamos com Iorran Aquino, estudante e militante socialista. Foram momentos de muitas discussões e reflexões. A maior delas é que nossa luta é muito grande, mas não podemos desistir.

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