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SIM ESTOU VAZIO!

Posted by Nóis de Teatro On 07:51 No comments



Por: Henrique Gonzaga



O processo de montagem de Todo Camburão Tem Um Pouco De Navio Negreiro está chegando ao fim, se é que posso dizer que esse espetáculo um dia vai estar concluído, mas estamos nos aproximando da estreia: 20 de novembro no Centro Cultural Banco do Nordeste. Todas as pessoas que trabalham com arte sabem da correria e do estresse que é estrear um espetáculo, os prazos se encurtam, as coisas nunca ficam prontas no dia, os problemas se potencializam, tudo que pode dar errado vai dar errado e por aí vai. Já passei por isso várias vezes, mas nunca tinha estado em um processo tão desgastante, físico e emocionalmente como esse. Parece que cada vez mais coisas são sugadas de você e junto com essas coisas se vão a sua razão, a sua paciência, a sua “simpatia”, a sua energia, entre outras...

E o pior é que realmente estou ficando vazio, mas a sensação do vazio não me deixa perturbado, pois se me sinto vazio é por que entreguei tudo que tinha pra entregar, deixei tudo que tinha naquela sala de ensaio, os meus sentimentos mais secretos, as minhas lembranças mais escondidas, as minhas feridas mais profundas, a minha razão, a minha alegria, o meu humor, a minha voz. Sinceramente hoje não tenho mais nada, a não ser o essencial para levantar da cama e seguir em frente.

Mas o processo não para e nem é afetado por isso, pelo contrário, agora que já entregamos tudo, temos que reunir e mediar as nossas entregas, e como a arte não é nada simplória temos que mostrar a nossa entrega de uma maneira bela, alegre, farsesca, tudo que uma obra de arte tem direito. Vamos correr, vamos brigar, vamos chorar, vamos curtir o nosso esvaziamento, é tão raro isso!

Caminhemos, produzamos, façamos, por que ninguém vai fazer pra gente, inclusive não queremos que ninguém faça por nós. Esse espetáculo é nosso, ele tem cor: É PRETO! Tem cheiro: É DE SUOR! Tem vida: A NOSSA!

Vamos?!

Vamos!

Então vamos juntar essa corrente que continua amarrada na nossa perna e dançar, cantar e balançar muito ela, mas muito, por que a música que sai de uma corrente balançando traz no som o pesar da luta e a luta nunca acaba.

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