Por Kelly Enne
Saldanha
Quantas
mulheres tiveram seus nomes excluídos da história? Quantas tiveram sua
importância minimizada? Quantas lutaram, morreram e fizeram parte dos grandes
acontecimentos históricos? Quantas mais fazem parte das lutas diárias e
anônimas, seguindo seu curso para tornar esta vida menos marginalizada?
Na atualidade, a
mulher tem tomado uma postura de corpo kamikaze. Um corpo que se joga contra.
Contra o sistema vigente. Contra essa política excludente. Contra as diferenças
salariais no mercado de trabalho. Contra essa falta de representatividade
social. Contra os padrões de beleza e seus corpos magros, tons bronzeados,
rígidos, seios e bumbum grandes, cabelo loiro, liso e comprido.
Este corpo kamikaze
de hoje entende que toda construção social passa por diversas construções
coletivas e individuais. Um corpo que luta para se aceitar como é, para ser
respeitado. Um corpo que entende a infinidade de tons de pele e cabelo e
infinidade de tamanho. Corpos de diferentes formas e diferentes tamanhos que
são o tempo todo desencorajados a se mostrar.
Dizemos NÃO. Corpo
de Espertirina que lança bomba, lança chamas, lança mulheres kamikazes. Lança
corpos que dizem NÃO ao que a sociedade espera. Lança corpos que dizem NÃO a
esta indústria que massacra e lucra com a vulnerabilidade na qual a mulher está
sempre sendo colocada.
Não há sexo frágil.
Há sexo oprimido. E cada vez mais há mulheres de luta. Corpos que se lançam em
busca de seus direitos.
Enquanto isso, a
indústria da beleza vai ganhando ainda mais com essa tentativa voraz de
padronização. Cremes contra envelhecimento, contra celulites, estrias, gorduras
localizadas. Academias e mesas de cirurgia estão ali também. Nesta tentativa de
englobar algumas diferenças, o mercado da beleza se utiliza de termos como plus size. Apesar de incluir tamanhos
fora do padrão, também os coloca dentro de um determinado “recorte”.
Não estamos lutando
contra a beleza, mas a favor das diversas belezas. Fora das receitas, métodos,
uniformização... Por belezas múltiplas. Por direitos múltiplos. Pela
reivindicação do meu ser, meu tempo, meu corpo. Esta é minha perfeição. Estas são
nossas perfeições. Imperfeições.
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