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CORPO KAMIKAZE

Posted by Nóis de Teatro On 07:21 No comments

Por Kelly Enne Saldanha



Quantas mulheres tiveram seus nomes excluídos da história? Quantas tiveram sua importância minimizada? Quantas lutaram, morreram e fizeram parte dos grandes acontecimentos históricos? Quantas mais fazem parte das lutas diárias e anônimas, seguindo seu curso para tornar esta vida menos marginalizada?
Na atualidade, a mulher tem tomado uma postura de corpo kamikaze. Um corpo que se joga contra. Contra o sistema vigente. Contra essa política excludente. Contra as diferenças salariais no mercado de trabalho. Contra essa falta de representatividade social. Contra os padrões de beleza e seus corpos magros, tons bronzeados, rígidos, seios e bumbum grandes, cabelo loiro, liso e comprido.
Este corpo kamikaze de hoje entende que toda construção social passa por diversas construções coletivas e individuais. Um corpo que luta para se aceitar como é, para ser respeitado. Um corpo que entende a infinidade de tons de pele e cabelo e infinidade de tamanho. Corpos de diferentes formas e diferentes tamanhos que são o tempo todo desencorajados a se mostrar.
Dizemos NÃO. Corpo de Espertirina que lança bomba, lança chamas, lança mulheres kamikazes. Lança corpos que dizem NÃO ao que a sociedade espera. Lança corpos que dizem NÃO a esta indústria que massacra e lucra com a vulnerabilidade na qual a mulher está sempre sendo colocada.
Não há sexo frágil. Há sexo oprimido. E cada vez mais há mulheres de luta. Corpos que se lançam em busca de seus direitos.
Enquanto isso, a indústria da beleza vai ganhando ainda mais com essa tentativa voraz de padronização. Cremes contra envelhecimento, contra celulites, estrias, gorduras localizadas. Academias e mesas de cirurgia estão ali também. Nesta tentativa de englobar algumas diferenças, o mercado da beleza se utiliza de termos como plus size. Apesar de incluir tamanhos fora do padrão, também os coloca dentro de um determinado “recorte”.
Não estamos lutando contra a beleza, mas a favor das diversas belezas. Fora das receitas, métodos, uniformização... Por belezas múltiplas. Por direitos múltiplos. Pela reivindicação do meu ser, meu tempo, meu corpo. Esta é minha perfeição. Estas são nossas perfeições. Imperfeições.  

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